Agricultores do Estado registram lucros de até 1.000% em relação à safra passada, quando prejuízos dizimaram a produção
Produtores de tomate do Estado registram lucro de até 1.000% em relação à safra passada, quando os prejuízos foram catastróficos. A tendência é de que aos poucos os preços apresentem queda, mas 2013 entrará para a história como o ano em que os cultivadores do produto riram à toa e conseguiram colocar em prática investimentos adiados por falta de dinheiro.
O engenheiro agrônomo Gilvan Lorenzetti é especialista em tomate há duas décadas e trabalha em uma empresa de consultoria e assistência a produtores em Urubici, cidade que há vários anos ostenta o título de Capital Nacional das Hortaliças. Ele diz que o grande motivo da alta do preço do tomate, carro-chefe do setor no município de 11 mil habitantes, é a lei da oferta e da procura.
No Brasil, explica Lorenzetti, a produção normal é de três mil toneladas por dia, o que representa 1,1 milhão de toneladas por ano. Deste total, 75 mil serão colhidas na região de Caçador e 30,5 mil na região de Urubici, maiores produtoras catarinenses.
Ocorre que nos últimos três anos o volume cresceu 50% e chegou a 4,5 mil toneladas por dia. Isto aconteceu porque muitos produtores do país acreditavam que o preço iria aumentar e passaram a plantar maiores quantidades a fim de obter lucro. Porém, a estratégia foi desastrosa e o excesso de produção fez com que os preços despencassem.
Assim, agricultores chegaram a vender a caixa de 25 quilos por somente R$ 6, enquanto o custo de produção é de R$ 18. No mercado, o consumidor pagou, em média, R$ 1,30 por quilo. Os prejuízos levaram produtores a abandonar o tomate e migrar para outras culturas ou até para outros ramos de negócio.
Menos produtores com maior lucratividade
O lado positivo desta debandada para os produtores remanescentes é que, com menos gente plantando em 2013, a produção despencou e o preço foi às alturas. Em relação ao volume normal de três mil toneladas por dia, a safra que iniciou em setembro e terminará na próxima semana registra queda de 42%, num total de 1,7 mil toneladas diárias em todo o país.
Na região de Urubici, os produtores chegaram a vender a caixa de 25 quilos por até R$ 65, um crescimento de 1.000% em relação à safra passada.
Com o passar do tempo, os preços caíram e, atualmente, produtores recebem cerca de R$ 48 por caixa na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo, pouco mais que em Urubici, onde a média está em R$ 45. Assim, espera-se que o consumidor também sinta reflexos nas próximas semanas, quando a oferta deve aumentar com a colheita das safras de inverno em São Paulo, Goiás e Minas Gerais.
– Nunca vi e não sei de outras safras com preços tão baixos como em 2012 e tão altos como em 2013 – diz o agrônomo Gilvan Lorenzetti.
Sonhos concretizados pela grande produção
Com tanto dinheiro arrecadado neste ano, os produtores estão realizando sonhos que, até pouco tempo, pareciam impossíveis. É o caso de Valdemir Israel, de Urubici, que há oito anos planta tomate. Sem qualquer lucro em 2012, agora ele vai triplicar a sua renda, conseguirá pagar as contas e até construir a casa cujo projeto está pronto há anos.
– Com resultados e recursos, todo mundo compra e investe e o dinheiro circula. No ano passado, todos estavam tristes e desmotivados. Agora, vejo nas pessoas um ar diferente, de esperança. Nossa cidade está feliz.
Veículo: Diário Catarinense