A situação da cafeicultura em Minas Gerais por conta das baixa cotação da commodity, atualmente em torno de R$ 300 a saca de 60 quilos, é considerada preocupante pelo governo estadual, que vem pleiteando junto ao governo federal o aumento nos preços para, pelo menos, R$ 350 a saca. O governador Antonio Anastasia não descarta a adoção de medidas de ajuda ao setor.
Ontem, foi realizada no Palácio Tiradentes, em Belo Horizonte, uma reunião entre o governador e o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Roberto Simões, além de representantes de cooperativas.
O governador informou aos produtores rurais que reiterou o pedido de aumento nos preços do grão à presidente Dilma Rousseff, durante sua passagem em Belo Horizonte. "Mostrei para a presidente a importância do café para a economia de Minas Gerais", disse Anastasia. No início deste mês, o Executivo estadual enviou um ofício ao governo federal pedindo o reajuste.
"Levamos o assunto também ao ministro da Agricultura, Antônio Andrade, que é mineiro", afirmou. O governo estadual espera que ainda neste mês seja fixada a garantia de preço mínimo do café no país.
A revisão dos valores de comercialização do grão chegou a entrar na pauta da última reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) no final de março, porém acabou por não ser apreciado. Atualmente, o preço mínimo é de R$ 261,69 a saca. A única medida adotada pelo CMN foi a prorrogação da dívida do setor cafeeiro.
Com o baixo preço verificado atualmente, os produtores mineiros estão comercializando o café com valores inferiores ao custo de produção. Este cenário, segundo Anastasia, impacta de forma significativa a economia do interior do Estado.
Para se ter uma ideia, no ano passado a saca do grão produzido em Minas era vendida em média por R$ 393,82. O valor representa uma queda de 23% nos preços entre 2012 e 2013. Porém, segundo o governador, não há motivos aparentes para esta retração.
Sugestões - Questionado sobre possíveis medidas do governo estadual para reduzir os custos produtivos do setor, o governador informou que a Faemg apresentou algumas sugestões que poderão ser implantadas em Minas.
Uma delas, segundo ele, é a identificação exata da produção da commodity no Estado através do georreferenciamento. Com estes dados, será possível saber qual o verdadeiro volume em estoque e evitar especulações sobre o preço.
"Este é um trabalho que podemos fazer", afirmou. O georreferenciamento poderá utilizar recursos do Fundo Estadual de Café (Fecafé), instituído pela Lei nº 20.313, que vai disponibilizar o equivalente a R$ 100 milhões entre 2013 e 2014.
Outra proposta que será avaliada é a modificação, através de lei estadual, da rotulagem do café vendido no varejo. As embalagens deverão ter informações mais detalhadas e destacando principalmente qual o tipo de grão utilizado no processamento.
Com a medida, os consumidores poderão saber se está consumindo o café arábica produzido em Minas Gerais. Além disso, os cafeicultores pediram uma maior fiscalização nas processadoras instaladas em Minas.
Veículo: Diário do Comércio - MG