Lavrador exige melhores salários.
Rio - O tomate continuará mais caro, mesmo com a proximidade do período de safra e aumento da oferta, nos próximos meses. Produto símbolo do descontrole da inflação em 2013, o seu custo de produção vem crescendo ano a ano porque o empregado na lavoura de tomate, intensiva em mão de obra, está cobrando mais e exigindo melhores condições de trabalho para permanecer no campo, em vez de aceitar um emprego no setor de serviços ou de construção civil na cidade.
A despesa com mão de obra no plantio de tomate cresceu de R$ 9,7 mil por hectare, em 2008, para R$ 11,9 mil/ha, em 2010, considerando a plantação no município paulista de Mogi Guaçu --alta de 23%. As estatísticas são do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da USP. Em seus últimos dados, divulgados em 2011, o Cepea chegou a registrar o custo de R$ 17 mil/ha no município de Caçador (SC).
O ganho de participação do setor de serviços, principalmente nas grandes cidades, e a conseqüente geração de emprego nessa área é apontado por economistas como a principal explicação para o aumento de custo da mão de obra na agropecuária. Com a oportunidade de conseguir um emprego melhor, o empregado, quando permanece no campo, consegue negociar melhores condições de trabalho, o que acaba gerando mais gastos ao produtor.
"O setor de serviços é o que está crescendo mais e utiliza mão de obra de baixa qualificação, ao contrário do que acontecia, no passado, quando a indústria liderava o crescimento. Essa mão de obra é a que está com os salários se elevando mais rapidamente", analisou Ignez Guatimosim Vidigal Lopes, consultora do Centro de Estudos Agrícolas do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV).
Meeiros - Na verdade, dois tipos de trabalhadores na produção do tomate - o pequeno agricultor, de organização familiar; e o grande produtor, que conta com a figura do meeiro (trabalhador em terras de terceiros), além de tratoristas e funcionários permanentes da fazenda. O maior desembolso é com os meeiros, contratados durante o ciclo de produção do tomate. Eles recebem um salário fixo por mês e uma participação na colheita.
"A gente sabe que os salários para manter o pessoal no campo terão que ser cada vez mais competitivos. A tecnologia e a qualificação têm que melhorar para que o custo seja compatível com a produtividade. O produtor vai ter que se esmerar, dar mais conforto e melhores condições de trabalho", afirmou o presidente da Federação da Agricultura, Pesca e Pecuária do Estado do Rio de Janeiro (Faerj), Rodolfo Tavares.
Veículo: Diário do Comércio - MG