O mercado mundial de açúcar está no terceiro ano de superavit mundial, com a produção superando a demanda. Mesmo assim, as exportações brasileiras continuam aquecidas.
O país colocou 6 milhões de toneladas do produto no mercado externo nos três primeiros meses deste ano, um volume 69% superior ao de igual período de 2012.
Plinio Nastari, presidente da Datagro, consultoria especializada no setor, diz que a preferência pelo açúcar brasileiro tem um motivo: a qualidade do produto.
As refinarias modernas, principalmente as do Oriente Médio, preferem o açúcar do Brasil devido à redução dos custos de processamento e dos resultados finais do produto processado.
As produções da América Central e da Ásia não têm a mesma qualidade que o produto nacional, segundo o presidente da Datagro.
O forte avanço das vendas externas no primeiro trimestre é uma questão conjuntural. O importante é ter a visão em uma perspectiva de 6 a 12 meses, diz Nastari.
A lista dos importadores do trimestre, que traz os Emirados Árabes Unidos na liderança, tem alterações em relação à de todo o ano de 2012, quando a China liderou.
Os dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior) indicam compras de 656 mil toneladas pelos Emirados Árabes, 114% mais do que no mesmo período de 2012.
No segundo posto vem a Índia, um concorrente do Brasil em períodos de boa safra por lá. Neste ano, os indianos já acumulam compras de 387 mil toneladas das usinas brasileiras, um volume 298% superior ao de janeiro a março do ano passado.
Nastari diz que em breve as compras indianas não vão se limitar apenas ao açúcar, mas devem se estender também ao etanol, devido à inserção maior desse combustível na matriz energética do país.
Apesar da alta das exportações em volume, o crescimento das receitas tem ritmo menor neste ano. As vendas de açúcar renderam US$ 2,9 bilhões, 35% mais do que de janeiro a março de 2012.
Durante todo o ano passado, as exportações somaram 24,3 milhões de toneladas, com receitas de US$ 12,8 bilhões. A China liderou as importações em 2012, comprando 1,1 milhão de toneladas, no valor de US$ 2,1 bilhões.
Veículo: Folha de S.Paulo