Alçado à condição de 'vilão' da inflação brasileira nas últimas semanas, o preço tomate já caiu 60% no atacado paulista desde que atingiu o pico, na Semana Santa, e lentamente se aproxima da média registrada no último trimestre do ano passado.
Na última semana de março, a caixa de 22 quilos de produto chegou a ser negociada a R$ 108,75 no atacado em São Paulo, conforme o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq).
Os preços elevados do primeiro trimestre, no entanto, desencadearam uma contração à altura no lado da demanda. Mesmo com a oferta ainda restrita, com as lavouras castigadas pelo clima, a caixa do tomate foi negociada ontem a R$ 47,50 no atacado em São Paulo, segundo levantamento do Cepea.
Essa pressão baixista deve chegar aos poucos aos índices de preços ao consumidor. Contudo, é importante lembrar que o peso do produto na inflação é baixo. Em março, apesar de todo barulho que provocou, o tomate contribuiu com apenas 0,02% do resultado do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
A tendência, agora, é que as cotações do fruto no atacado se estabilizem entre R$ 45 e R$ 50 a caixa nas próximas semanas, de acordo com as fontes consultadas diariamente pelo Cepea. Em 2013, o preço médio é de R$ 64,40 por caixa, 55,8% acima do valor médio de R$ 41,33 do último trimestre do ano passado. Caso a tendência se confirme, essa diferença deve cair em pelo menos 35 pontos percentuais -
para entre 20,9% e 8,8%, de toda forma um nível elevado.
Em Goiás, maior produtor de tomate do país, o movimento também é baixista. Na Semana Santa, a caixa chegou a R$ 100 ao produtor, mas recuou fortemente e agora já é negociada entre R$ 30 e R$ 40.
"Não existe um preço 'normal' para o tomate. As cotações estão sempre oscilando. A tendência é que os preços atuais permaneçam estáveis até o próximo mês. A partir daí, se o clima continuar bom e a produção subir, a caixa vai ficar mais barata", diz Adair Balduino Ribeiro, produtor de tomates no município de Goianápolis (GO).
Uma eventual 'ajuda' do clima em Goiás, por sua vez, pode provocar mais uma mudança de patamar nos preços do tomate, intensificando a queda de preços já verificada em abril. Seria mais uma demonstração da "montanha-russa" a que está sujeito o tomate. No ano passado, a caixa da fruta foi negociada entre R$ 10 e R$ 20 na Ceasa de Goiânia.
Segundo a Federação de Agricultura de Goiás (Faeg), quando a perspectiva de preços recorde ficou clara, entre fevereiro e março, os agricultores correram para plantar o vegetal em diversos municípios. Se o clima ajudar, essa produção chegará ao mercado em maio.
Veículo: Valor Econômico