Café: mercado registra retomada

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As cotações do café arábica tiveram movimento de recuperação no acumulado da semana até o fechamento de quinta-feira passada, na bolsa de Nova York, com o contrato julho/2013 voltando a romper a barreira de US$ 1,40 por libra-peso. Na segunda-feira, os futuros testaram a mínima em quase três anos, mas resistiram e fecharam acima desse patamar, o que fez com que os investidores reduzissem suas apostas na queda das cotações.

Por outro lado, alguns traders mais baixistas creem que esse movimento não implica mudança de tendência, mas sim uma recuperação momentânea. O embasamento dos pessimistas se mantém na especulação sobre uma safra mundial maior que o previsto, a qual supriria as perdas que ocorrerão em função do surto de ferrugem na América Central.

Em relação à quantificação da oferta na safra 2013/14, os agentes de mercado ainda contrabalanceiam as significativas colheitas do Brasil e Colômbia com as perdas resultantes da disseminação do roya - causador da ferrugem - na América Central. Os países afetados por esse problema fitossanitário poderão enfrentar dificuldades nas medidas de controle devido à previsão de incidência de fortes chuvas no segundo semestre deste ano. Segundo a Universidade Estadual do Colorado, a próxima temporada de furacões no Atlântico (junho a novembro) será 75% mais ativa do que o normal, com mais de três meses de tempestades tropicais.

Já o mercado do robusta permanece firme em Londres, com preços variando ao redor do mesmo patamar dos últimos 12 meses. No tocante à situação climática no Vietnã, o Departamento de Meteorologia e Hidrologia da província de Dak Lak (principal região cafeeira da nação) anunciou que a temporada de chuvas será iniciada com duas semanas de antecedência, no final de abril, trazendo alívio à condição de severa estiagem que ameaça a cafeicultura do principal produtor mundial de conilon.

A amenização dos problemas decorrentes da seca no país asiático deve pressionar o mercado futuro londrino, mas o crescimento do consumo em países em desenvolvimento, em especial Rússia e China, que demandam principalmente café instantâneo, tende a impedir quedas significativas dos preços do robusta.

Mesmo com o maior volume exportado pelos países produtores nos últimos meses, os estoques certificados da Liffe seguem estabilizados em cerca de 2 milhões de sacas. A tendência é de continuidade da demanda aquecida pelo robusta e de menores volumes a serem exportados pelo Vietnã nos próximos meses, gerando expectativas de preços firmes no médio prazo.

No Brasil, os baixos preços do arábica no ciclo de baixa da bienalidade levarão a uma perda de R$ 8,13 bilhões no Valor Bruto da Produção (VBP) da cafeicultura, de acordo com números apresentados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O VBP do café deverá atingir R$ 17,1 bilhões em 2013, contra R$ 25,2 bilhões no ano anterior. Esse índice reflete a renda da propriedade rural, pois considera os preços recebidos pelos produtores.

As estatísticas divulgadas pelo Mapa evidenciam a crise enfrentada pelo setor café, pois sua estimativa de VBP para 2013 é a que sofreu maior redução em relação ao ano passado (32%), considerando todos os produtos vegetais e pecuários analisados. Caso a estimativa se concretize, o café será rebaixado da quarta para a quinta posição no ranking das culturas que geram mais renda no Brasil, sendo ultrapassado pela citricultura.

SILAS BRASILEIRO*

*Presidente-executivo do Conselho Nacional do Café (CNC) e deputado federal


Veículo: Diário do Comércio - MG


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