A escalada de preços de alimentos está tirando o sono não só de quem frequenta as feiras e supermercados de Belo Horizonte. Os restaurantes e buffês estão tendo que usar a criatividade para driblar a alta de preços nos balcões. Substituir as receitas dos cardápios, diminuir os ingredientes e trocar os fornecedores são algumas alternativas. O caqui, por exemplo, tem ganhado parte do espaço do tomate. A vagem foi substituída pela cenoura em alguns pratos e o molho de maracujá pelo de alcaparras.
O restaurante Paladino, na Pampulha, está há 11 anos no mercado. “Em todo esse período, nunca havia visto uma alta tão constante assim no preço dos alimentos”, afirma Marcelo Haddad, proprietário do Paladino. Os produtos que tiveram maior alta de preço nos últimos tempos, como brócolis paulista, batata, cenoura, couve-flor e tomate, perderam lugar no restaurante. No lugar entraram chuchu, quiabo, jiló, taioba, couve, abobrinha e moranga. “Passamos a usar legumes mais mineiros e um mix de folhas produzidas na própria horta do restaurante”, diz Haddad. Outra alternativa usada pelo restaurante tem sido buscar novos fornecedores e fazer a cotação nos sacolões semanalmente.
O tomate recheado com champignon chegou a ficar quase dois meses fora do cardápio do restaurante Couve-Flor, em Lourdes. “Paguei R$ 130 pela caixa com 20 quilos de tomate, sendo que o valor normal é na faixa de R$ 40. Só agora que o preço voltou a cair”, afirma Alice Coelho de Assis, dona do restaurante. A vagem também ficou fora do cardápio por alguns dias. “Em vez de vagem com ovo, passei a servir cenoura com ovo. Até mesmo a couve-flor, que não posso deixar de servir, por causa do nome do restaurante, fiquei sem por uns dias”, diz Alice.
Buscar os legumes diretamente na Ceasa Minas foi a alternativa encontrada por Nélia Ferreira, dona do restaurante Saatore, em Lourdes. “Lá costuma ser 40% mais barato do que o valor cobrado pelo fornecedor”, afirma Nélia. Como o restaurante trabalha com pratos à la carte, ela passou a sugerir linguine a quatro queijos, em vez de espaguete ao molho de tomate. “O preço do cardápio continua o mesmo. Então substituímos algumas receitas”, observa Nélia.
Veículo: Estado de Minas