Floriculturas que fazem vendas pela internet registram alta nos pedidos. Classes C e D conectadas incrementam negócios
As vendas on-line de flores no Brasil estão a todo o vapor com os preparativos para o Dia das Mães, que costuma representar a melhor data de vendas do ano. E Minas Gerais vem ganhando força nos negócios de flores via web. Levantamento feito pelo Giuliana Flores, site de destaque no comércio eletrônico de flores no país, Minas passou para o terceiro lugar entre os estados com maior número de pessoas que compram arranjos e buquês pela internet, atrás de São Paulo e Rio de Janeiro. Antes, a terceira posição era ocupada pelo Distrito Federal e Curitiba (PR). A pesquisa foi feita com base em 400 mil clientes cadastrados e 600 pedidos ao dia no site da Giuliana Flores.
Estimativas do Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor) mostram que o mercado de flores e plantas ornamentais movimentou cerca de R$ 4,5 bilhões em 2012, crescimento de 15% na comparação com 2011. O consumo da classe C ajuda a engordar esse caixa, segundo empresários. “O acesso ao cartão de crédito, à internet e à banda larga está maior”, afirma Juliano Souza, gerente de Marketing do Giuliana Flores. Tanto é que o fundador do Giuliana Flores, Clovis Souza, tem hoje outra empresa de flores pela internet, a Nova Flor, focada nas vendas para as classes C e D.
Na Giuliana, o valor dos buquês vai de R$ 39,90 a R$ 300. No ano passado, as vendas do site aumentaram 35%, na comparação com 2011. “A estimativa é de crescer nessa mesma proporção em 2013”, afirma Souza. Na Nova Flor há buquês com preços a partir de R$ 16,20 e as vendas do site crescem de 20% a 30% ao ano. “A classe C é a nova classe média brasileira”, afirma Souza. A matéria-prima usada nos sites, diz, é praticamente a mesma. O que muda é o tamanho do buquê e os acessórios colocados nos arranjos. A Giuliana, por exemplo, tem parceria com a marca Kopenhagen, de chocolates finos. Já a Nova Flor tem parceria com a Brasil Cacau, do mesmo grupo da Kopenhagen, mas com opções mais econômicas.
A BH Flores, no Bairro Pompeia, em Belo Horizonte, está no mercado há 20 anos. Há quatro anos o empresário João Lucas Quadros de Melo assumiu o negócio, antes administrado pela mãe. A internet passou a ser o foco da empresa e hoje 99% das vendas são feitas pelo meio virtual. “Recebo encomendas do mundo todo. O site tem, em média, 250 cliques por dia. As pessoas estão cada vez mais sem tempo. Ninguém quer sair de casa para comprar flores”, diz Melo. Cerca de 95% das vendas do site são feitas de segunda a sexta-feira. “Muita gente compra no horário de trabalho. As pessoas estão na correria do dia a dia e não têm tempo de pesquisa”, afirma. O empresário também observa o crescimento da classe C em suas vendas. “Tenho vendido muito buquê para entregar em colégio estadual, o que não acontecia no passado. Hoje em dia é mais fácil para as pessoas terem celular com acesso à internet e muita gente tem cartão de crédito”, afirma.
Futuro promissor
O Brasil tem grande potencial de crescimento na floricultura. Enquanto nos países europeus se consome em média US$ 70 a US$ 100 per capita por ano, no Brasil o valor não passa de US$ 11 per capita, devido à falta de hábito de consumo. A Região Sudeste é a maior produtora de flores e plantas, seguida do Sul e do Nordeste brasileiro. O estado de São Paulo detém 60% do valor comercializado no país.
Entrega boa é a rápida
O Floresonline, outro site de destaque nas vendas de flores pela internet no país, está com planos ambiciosos para Minas Gerais. “Este ano, vamos começar a fazer entregas no mesmo dia da encomenda em Minas. Com isso, esperamos dobrar as vendas no estado”, afirma Eduardo Casarini, diretor de Marketing do Floresonline. A maioria dos clientes, diz, se lembra de fazer o pedido das flores em cima da hora. “Acabamos perdendo venda por não entregar no mesmo dia”, observa Casarini.
De origem familiar, a empresa começou como uma loja física e migrou para o mercado on-line um pouco antes do boom da internet. Em junho do ano passado, a Floresonline fechou parceria com a 1-800-flowers.com, pioneira em comércio eletrônico nos Estados Unidos e a maior empresa do mundo na categoria, e com a empresa de private equity BR Opportunities. “Nos últimos 15 anos o consumo de flores vem crescendo em função da internet. As pessoas não têm tempo de comprar em lojas físicas", afirma Casarini.
A internet representa hoje cerca de 30% das vendas da Ikebana Flores, com sede na Savassi, em BH. O proprietário da loja, Alexandre Antunes Tonetti, está no mercado há 25 anos. Ele conta que vem observando mudanças no perfil da clientela. “As pessoas antes pegavam e entregavam as flores. Hoje elas pedem por telefone ou internet e mandam entregar”, diz Tonetti. O público jovem, que antes não comprava flores, também passou a comprar. “Presentear com flor é mais ágil e prático”, diz. Cerca de 20% das suas vendas são feitas para consumidores de fora de Belo Horizonte. “E em pouco mais de um ano pretendemos fazer vendas para todo o Brasil”, afirma.
O segmento de comércio eletrônico fechou 2012 com faturamento de R$ 22,5 bilhões, crescimento de 20% em relação a 2011, quando havia registrado R$ 18,7 bilhões em vendas de bens de consumo, segundo o e-bit, que acompanha a evolução do varejo digital no país. Ao todo, foram realizados 66,7 milhões de pedidos em 2012, 24,2% a mais do que o registrado no ano anterior. E, com uma demanda superior de pedidos, também aumentou o número de consumidores virtuais: 10,3 milhões de entrantes. Com isso, já são mais de 42,2 milhões de pessoas que fizeram, ao menos uma compra on-line até hoje.
No ano passado, 46% dos clientes que fizeram sua primeira compra pela internet tinham renda familiar entre R$ 1 mil e R$ 3 mil, faixa pertencente à classe C. Cerca de 54% dos pedidos realizados foram com frete grátis, o que gerou uma economia de R$ 1,09 bilhão aos bolsos dos brasileiros.
Veículo: Estado de Minas