O consumo de lâmpadas está mudando e abre oportunidade para novos negócios. A Biosfera, nova subsidiária da Sertrading, uma das maiores trading companies do país, está produzindo lâmpadas LED (diodo emissor de luz, em inglês) na China, com chips fabricados nos Estados Unidos. Varejistas de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e do interior de São Paulo começam a receber os produtos em 20 dias.
O investimento nesse período está orçado em R$ 100 milhões e inclui desde a compra de insumos até desenvolvimento de produtos novos, passando por treinamento de vendedores e marketing no ponto de venda. "O LED ainda traz muita dúvida ao consumidor", diz Fernando Stinchi, que trabalhou na área de iluminação da Philips e agora preside a Biosfera.
Ele levou a ideia de criar uma empresa para vender lâmpadas LED no país a Luciano Sapata e Carlos Akrabian, da Sertrading, apostando que os brasileiros vão perceber que vale a pena pagar mais por uma lâmpada que dura muito mais. A diferença de preços é grande, mas tende a ficar menor.
Uma lâmpada incandescente, a mais consumida no país, custa no varejo R$ 1,50, em média. A eletrônica (ou fluorescente), entre R$ 9 e R$ 10. E a LED, em torno de R$ 25. Mas a duração desta última é bem maior. "Com LED é possível ter uma economia de até 80% no consumo de energia", diz Stinchi. Dependendo do tipo de LED, a vida útil varia de 25 mil a 40 mil horas. Ele estima que em dois anos o preço da LED baixe para cerca de R$ 10.
As lâmpadas incandescentes tendem a desaparecer, segundo avalia Isac Roizenblatt, diretor técnico da Abilux (Associação Brasileira da Indústria de Iluminação). O Ministério das Minas e Energia, em portaria de dezembro de 2010, estabeleceu índices de eficiência energética para esse tipo de lâmpada que são praticamente impossíveis de ser atingidos. Se não são alcançados, a produção local e a importação são proibidas.
"Essas regras do governo federal vão fazer o consumidor migrar, num primeiro momento, para as fluorescentes e depois para as lâmpadas LED", diz o presidente da Biosfera. A Abilux já nota a substituição de halógenas por LED.
O consumo anual de lâmpadas está distribuído da seguinte maneira: 250 milhões de incandescentes; 200 milhões de fluorescentes compactas (importadas); 90 milhões de tubulares; 20 milhões de halógenas; e 500 mil de LED. O presidente da Biosfera diz que o volume de LED cresce rapidamente. Ele estima que em três anos, o consumo nacional esteja entre 3 milhões e 3,5 milhões de LED. Sua meta é ter 10% desse total.
As empresas associadas à Abilux, GE e Philips entre elas, também esperam que o mercado se sofistique, com a migração do brasileiro para produtos mais eficientes. A entidade vem negociando com o governo federal, há um ano, projetos de investimento para desenvolver novas tecnologias no país, que não domina a produção do chip para lâmpadas LED.
A Biosfera compra esses chips de quatro fornecedores (Nichia, Citizen, CREE e Lumiled) e monta as lâmpadas em quatro empresas de Xangai e Shenzen, na China. Os itens vêm de navio até Santos e seguem para um centro de distribuição em Taboão da Serra (SP).
Veículo: Valor Econômico