Preço do feijão acumula alta de 13% só este ano

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Novo vilão do bolso dos consumidores paraenses deverá ter novos reajustes

Depois do tomate e da farinha de mandioca, o próximo produto da mesa do paraense que deve ganhar elevação de preço é o feijão, que, aliás, já vem acumulando alta, ainda que tênue, nos primeiros meses deste ano. Conforme avaliam os comerciantes que atuam nas feiras e mercados de Belém, o alimento teve seu valor reajustado em 10%, somente nas duas últimas semanas. Este percentual, aliás, foi imediatamente repassado para o consumidor, já que os vendedores dizem trabalhar com a margem de lucro abaixo dos 20%.

De acordo com o Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação das famílias com renda de um a 40 salários mínimos, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o feijão rajado teve alta de 13,06% apenas no primeiro trimestre deste ano. Somente em março, a variação do produto bateu a casa dos 3,24%, superando, inclusive, a farinha de mandioca (3,10%) e o tomate (2,65%). A expectativa para os próximos meses é que o produto chegue ainda mais caro nas gôndolas e prateleiras de Belém.

Para o comerciante Paulo Menezes, que vende o feijão a granel no Mercado de São Brás, os boatos de aumento do produto surgiram no início deste mês, e se tornaram reais na última semana. "Tomei um susto hoje (ontem), quando me informaram que o valor da saca estava acima de R$ 110, sendo que na segunda-feira passada eu havia comprado o mesmo item por R$ 102. Infelizmente, vamos ter que aumentar nossos preços, para não amargar prejuízos", afirma.

Com o reajuste, o feijão carioquinha, por exemplo, que custava R$ 5, passará a valer R$ 5,50 o quilo. "Creio que esta alavancada nos valores seja resultante do frete, que encareceu após o aumento no preço dos combustíveis", aponta. Menezes também não descarta as questões climáticas, como a estiagem, na região Nordeste, e o excesso de chuvas, nas regiões Sul e Sudeste. "Se continuar aumentando, a saída será reduzir ainda mais a nossa margem de lucro, que já é no fio da navalha. Além disso, vamos ter que usar da criatividade, para vender os acompanhamentos, como é o caso do charque", promete.

Quem também reclama da alta no preço do feijão é o feirante Ladanias Marques, que atua na feira da Av. Romulo Maiorana há mais de três décadas. Segundo ele, a saca do feijão cavalo teve aumento de R$ 10, o que representa cerca de 8% sobre o valor total. "Saltou de R$ 130 para R$ 140 em apenas uma semana. É um absurdo, que vai 'quebrar nossas pernas'", diz o vendedor.

Ele afirma que, por enquanto, o quilo do feijão cavalo vai permanecer R$ 6, mas quando as novas sacas forem descarregadas, o preço vai saltar para R$ 6,50. "Este é um alimento tradicional na mesa do paraense. Com ou sem reajuste, os clientes acabam levando", argumenta o feirante.


Para o Dieese, vários fatores causam aumento

Conforme avalia o supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese-PA), Roberto Sena, há uma série de questões que levam a este aumento. "É preciso considerar vários fatores para justificar esta incômoda colocação da alimentação dos paraenses no ranking da carestia nacional, entre elas, talvez a mais determinante, continua sendo a falta de uma ampla política para todo o setor agrícola do Estado que responda as questões voltadas para a produção e comercialização dos principais produtos básicos da mesa dos paraenses", diz.

Segundo Sena, mais da metade dos produtos básicos que chega a mesa dos paraenses é importado de outras regiões do País. "Esta situação tem tido ao longo dos anos influencia direta nos preços", conclui.



Veículo: O Liberal - PA


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