Perspectivas para o Estado são positivas se comparadas às previsões com as estimativas nacionais
Mesmo com o alerta de que o feijão será o novo "vilão" da inflação no País, ocupando o lugar do tomate, fornecedores da Central de Abastecimento do Ceará (Ceasa) garantem que, no âmbito local, o preço do grão vai se manter estável, podendo até sofrer queda. Eles estão em fase de negociação com produtores do Mato Grosso do Sul e de Tocantins para que uma grande quantidade do alimento chegue ao Estado em torno de 20 dias.
De acordo com o coordenador da Unidade de Informação de Mercado Agrícola da Ceasa, Odálio Girão, naqueles estados do Centro-Oeste, devido a uma supersafra de soja, sobrou muito espaço no campo para o plantio de feijão tipo macassar (corda) e carioquinha, os mais consumidos pelos brasileiros.
Por isso, o grão está sendo colhido em larga escala pelos produtores. "A distribuição não deve ser feita só para Fortaleza, mas também para todas as capitais nordestinas", destaca.
Odálio informa que, somado a isso, está a boa produção de feijão em Minas Gerais e no Paraná (maior produtor do alimento no Brasil), algo que deve aumentar a oferta na Ceasa ainda mais. Também existem fornecedores na Bahia, Maranhão e Piauí. No Ceará, o grão vem, principalmente, dos municípios de Brejo Santo e Morada Nova. "Mesmo com poucas chuvas, existe a oferta local", afirma.
No entanto, a oferta de feijão no Estado não é tão grande, explica o empresário José Cledilton do Nascimento, responsável pelas negociações na Ceasa.
Atualmente, a saca de 60 Kg do feijão de corda custa R$ 350, e o fardo de R$ 10 Kg R$ 58. Já o carioquinha está sendo comercializado a R$ 260 (60 Kg) e R$ 48 (fardo de 10 Kg). A expectativa é que, com o alimento vindo do Centro-Oeste, os preços diminuam, mesmo em percentuais pequenos. "Vamos ter feijão suficiente, sem preços elevados, até setembro. Estamos negociando para conseguir bons preços", declara José Cledilton.
Nos supermercados
De acordo com o presidente da Associação Cearense de Supermercados (Acesu), Severino Neto, nos pontos de venda de Fortaleza, o quilo dos feijões carioca e de corda estão sendo vendidos, respectivamente, a R$ 6 e R$ 5,80 (em média).
Ele diz que ainda não foi informado sobre a chegada do grão do Centro-Oeste. "Mas, se isso acontecer, vamos conseguir estabilizar e até reduzir os preços, que ainda estão caros. No Brasil, existe uma deficiência de produção de feijão, o que puxa os valores para cima", projeta.
Caso o produto seja, de fato, o novo "vilão" da inflação, Severino acredita que, assim como o tomate, haverá retração por parte do consumidor e a situação se normalizará.
Estimativa
Conforme divulgou o Diário do Nordeste, na edição de ontem, a possível alta no preço do feijão estaria ligada ao fato de o governo, via Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), não ter conseguido estocar o grão no ano passado.
Na opinião do economista e sócio-diretor da Global Financial Advisor, Miguel Daoud, isso aconteceu porque o preço da saca de feijão, no atacado, permaneceu acima do valor mínimo durante o ano 2012.
Mercado espera ainda mais inflação para este ano
Brasília. A primeira pesquisa do Banco Central (BC) com investidores e analistas de mercado depois da elevação dos juros na semana passada mostrou que o mercado espera mais inflação e uma dose menor de aperto monetário. A estimativa para o comportamento nos próximos 12 meses do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o termômetro oficial da inflação, subiu de 5,42% para 5,53%. O mercado também espera mais inflação neste ano e em 2014.
Dessa forma, a alta nos juros não será suficiente para baixar a inflação nos dois últimos anos de governo Dilma Rousseff, na avaliação dos economistas consultados pelo BC. O IPCA baterá em 5,7% no fim de dezembro, em vez dos 5,68% previstos antes da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Em 2014, o índice será de 5,71%, ante 5,7% previstos na mesma pesquisa Focus divulgada há uma semana.
Ao mesmo tempo, os economistas consultados no pesquisa Focus reduziram a previsão para a taxa Selic no fim deste ano, depois que o Comitê de Política Monetária (Copom) em uma decisão que dividiu a diretoria do BC citou incertezas domésticas e externas. Na quarta-feira (17), o Copom aumentou os juros pela primeira vez desde julho de 2011, levando a taxa de 7,25% para 7,5%. O movimento surpreendeu o mercado, que esperava uma alta maior.
Diante dessa decisão do BC, a expectativa para os juros no fim do ano caiu de 8,5% para 8,25%. De acordo com as previsões do Focus, o Copom elevará os juros em doses de 0,25 ponto porcentual em maio, julho e agosto. Para 2014, os analistas esperam uma Selic de 8,5% ao fim do ano.
Crescimento
Não houve mudanças nas expectativas de crescimento da economia. A previsão para a expansão do PIB em 2013 foi mantida em 3%. Para 2014, a estimativa segue em 3,50%.
Veículo: Diário do Nordeste