Para enfrentar a inflação de produtos, brasileiros com menor renda reduziram a frequência de compras de comida
A cozinheira Jucilene Almeida da Silva, de 30 anos, separada e com três filhos, gasta quase a totalidade do seu salário de cerca de R$ 700 com alimentação e produtos básicos para a família Serviços, como gastos com salão de beleza, restaurante, entre outros, não fazem parte do seu orçamento.
Com a disparada dos preços dos produtos nos últimos meses, especialmente dos alimentos, Jucilene adotou uma estratégia de guerra para fazer o dinheiro render mais.
"Agora vou uma vez por semana às compras. Antes ia duas vezes na semana", contou ela, que tem, além dos três filhos, a neta, a nora e o companheiro morando na mesma casa.
Para colocar almoço e janta na mesa para sete pessoas, ela pesquisa muito os preços e só compra os produtos que estão em oferta. "Se eu for comprar tudo que preciso no mesmo lugar, gasto mais", disse a cozinheira.
Ontem, por exemplo, ela foi ao supermercado em busca de uma promoção de leite para a neta. Mas saiu com vários pacotes de açúcar. Ela decidiu mudar a lista de compras dentro da loja porque encontrou uma boa oferta de açúcar: o quilo estava por R$ 1,18, enquanto o normal varia de R$ 1,45 a R$ 1,70.
Quantidades. Jucilene também colocou o pé no freio nas quantidades de produtos que leva para casa. "Cortei as quantidades compradas de mistura", disse ela. Se antes ela comprava um quilo de salsicha, agora leva um pacote, que tem um pouco menos de produto, explicou. A mesma coisa ocorre com a linguiça e com os ovos.
Reduzir volumes comprados também foi o que fez a telefonista Sonia Maria Machado, de 62 anos e renda na faixa R$ 1.500 por mês. "Antes comprava quatro pãezinhos a cada dois dias. Agora são só dois." A ida ao supermercado também diminuiu: antes eram duas vezes na semana e hoje é uma.
Veículo: O Estado de S.Paulo