Inflação, verão chuvoso e muitas contas para pagar. Nada disso impediu que o consumidor ficasse longe das lojas da Arezzo no primeiro trimestre. A empresa aumentou as vendas de suas quatro marcas de calçados e bolsas - Arezzo, Schutz, Anacapri e Alexandre Birman - sem sacrificar margens.
A companhia abriu mais lojas (franqueadas e próprias), investiu em marketing e lançou produtos. A estratégia resultou em aumento do volume vendido. A receita líquida cresceu 24,6%, para R$ 201 milhões, enquanto os custos avançaram 18,5%, para R$ 111 milhões, no período.
A rotatividade dos acessórios nas lojas é um pontos que deve ser cada vez mais explorado pelo grupo. "Ser 'fast fashion' de sapato é a proposta do nosso negócio", disse Alexandre Birman, presidente da Arezzo, ontem ao Valor.
Mais de cem fornecedores produzem para o grupo, e a entrega de itens nas lojas é constante - chega a cinco por semana. A proximidade com a produção permite à empresa responder rapidamente às tendências, produzindo para colocar nas vitrines o que está na moda no mês. Os calçados são nacionais, e 40% das bolsas, importadas.
A Arezzo tem uma fábrica na região de Vale dos Sinos (RS) de onde saem 10% dos produtos. A companhia desenvolve as peças e repassa a produção para fábricas independentes, também no sul do país.
A reposição de estoques em ritmo acelerado casou com a abertura de lojas, via franquias, no primeiro trimestre e impulsionou as vendas. O volume de pares de sapatos vendidos cresceu 23,2%, e o de bolsas, 34,5% no período. O número de lojas passou de 345 para 400 - foram 57 próprias, aumento de 23,9%, e 343 franquias, 14,7% a mais que no primeiro trimestre de 2012. Os preços devem permanecer estáveis em 2013 e, se for realizado algum ajuste, deve ficar abaixo da inflação, disse Birman: "Nosso desempenho foi em volume de bolsas, não em preço. Crescemos com volume".
A mão de obra representa 50% do custo do produto da Arezzo, e os dissídios, acima da inflação, interferem mais do que o preço da matéria-prima, que não sofre pressão externa. "O couro tem incidência sobre custo de produção inferior a 25% e tem se mantido estável", disse Birman. "Conseguimos manter a margem bruta e manter os preços estáveis na loja." O lucro bruto da Arezzo cresceu 33,1%, para R$ 89,4 milhões, e a margem bruta passou de 41,6% para 44,5% (a maior desde 2010).
O setor de calçados cresceu 5% no trimestre, e a Arezzo, 20%, segundo Birman. "Estamos ganhando participação de mercado."
O resultado do trimestre ficou "em linha com o esperado", disse Birman. O lucro líquido subiu 78,5%, para R$ 19,4 milhões. Mas a base de 2012 teve um efeito não recorrente que, quando descontado, o avanço fica em 20%. Em 2012, a Arezzo rescindiu contrato com um prestador de serviços e pagou multa de R$ 8 milhões, o que gerou despesa não recorrente no caixa. Depois, contratou outra empresa, com custo menor. Apesar de despesa contábil, pagar a multa foi decisão de investimento, diz Birman.
Segundo o diretor financeiro, Thiago Borges, a Schutz puxa o crescimento há três anos e deve continuar assim no médio prazo por causa da aberturas de franquias. Em 2011, a Schultz tinha uma franquia; em 2012, abriu
Veículo: Valor Econômico