Segundo maior produtor de banana do País, com 1,2 milhão de toneladas, a Bahia vem perdendo produtividade por causa da seca. Grandes produtores da fruta relatam reduções na colheita que variam entre 20% e 40%. Há produtores que perderam 25% do faturamento.
O fornecimento de água para irrigação, reduzido para priorizar o consumo humano, tem sido determinante para as perdas. Alguns negócios tiveram que demitir mão de obra por causa das perdas. A situação só não está pior, afirmam os produtores, devido ao aumento do preço da banana.
A cultura tem, em números, os agricultores familiares como o grupo majoritário. Mas o cultivo em grande escala é feito com irrigação, e a falta de água em alguns pontos do Estado tem prejudicado esses produtores.
É o caso do Sítio Barreiras, em Ponto Novo. O município, desde o ano passado, tem reduzido o uso de água para a irrigação. O que antes chegava a 18 horas de uso de água, agora resume-se a quatro horas. O resultado, além das perdas de produção, são frutos cascudos e de pouca polpa.
O sítio é responsável por quase 30% do abastecimento de Salvador e região metropolitana. Atende clientes como o Wallmart. "Antes fazíamos 100% do abastecimento deles, mas tivemos que reduzir para 65%. Temos rotas em bairros de Salvador em que reduzimos o atendimento a 50%", diz o gerente comercial, Élder Oliveira.
A empresa também comercializa com o interior da Bahia e outros estados, como São Paulo e Rio de Janeiro, onde tem clientes como a rede Pão de Açúcar. As quatro carretas semanais destinadas a esses dois estados foram suspensas, causando prejuízo estimado em R$ 600 mil.
Com isso, mais de 40% dos 600 trabalhadores de Ponto Novo já foram dispensados. O prejuízo da empresa com a redução em 40% da produção é de cerca de R$ 300 mil.
Baixa umidade - Até mesmo regiões do Estado que não têm escassez de água estão padecendo com os estragos causados pela falta de chuvas. O Projeto Formoso, em Bom Jesus da Lapa, teve queda na produção de mais de 20%.
"Produzíamos até 26 toneladas por hectare e hoje são 20 toneladas. A baixa umidade combinada a temperaturas altas faz a banana murchar, mesmo sendo irrigada", diz o presidente da Associação dos Produtores de Banana da Bahia, Ervino Kogler.
A cidade é o maior polo produtor no Estado. Caminhões que vão até lá para trazer a banana a Salvador ficam parados até conseguir frutas suficientes para vender ao maior consumidor baiano.
Apesar disso, Kogler acredita que os preços vão ficar estáveis. "Se aumentar, pode acabar travando as vendas. Por isso deixamos o mercado andar, não estamos forçando a alta, pois pode ocorrer o contrário", diz.
O último levantamento feito pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) apontou que, em março, a banana foi o produto da cesta básica com a maior variação de preço em relação a fevereiro: 20,57%.
O Sítio Barreiras, por exemplo, comercializava o quilo da fruta a R$ 1,60 no semestre passado e hoje vende a mesma quantidade por R$ 2,40.
Veículo: A Tarde - BA