Iguatu. Nos últimos dois anos, mais de 200 hectares de mamoeiro infectados por viroses foram erradicados em áreas de produção no Ceará por decisão da área vegetal da Agência de Defesa Agropecuária (Adagri). Os núcleos mais afetados são os perímetros irrigados de Varjota, Baixo Acaraú e Tabuleiro de Russas.
Ação recente de fiscais da Adagri ocorreu no município de Guaiuba, distante 26 km da Capital, localizado na região Metropolitana de Fortaleza. Lá, foi erradicado um plantio de 1,5 hectare de mamoeiro infectado por virose. O objetivo foi eliminar fontes de infecção na área e evitar que a doença se espalhasse para outros núcleos de produção da fruta.
Em Guaiuba, o trabalho foi feito por fiscais das unidades locais da Adagri de Maranguape, Caucaia e Morada Nova. Em todo o Estado há 40 escritórios da agência que com equipe de fiscalização da área vegetal e animal. "O monitoramento de mamoeiro infectados por viroses faz parte das ações da Diretoria de Sanidade Vegetal e é realizada de forma permanente em todo o Estado", observou o gerente de Gestão de Risco, da Adagri, Tuffi Habibe. As ações da Adagri ocorrem graças ao convênio mantido com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) firmado desde 2012 para a fiscalização na área vegetal.
"Nos últimos meses intensificamos o trabalho de prevenção e controle de viroses em fruteiras no Ceará", disse Habibe. O monitoramento é mensal.
Quando a fiscalização da Adagri encontra e confirma ataque de viroses ou de outras doenças que atacam os vegetais, solicitam por meio de notificação que o produtor rural faça o corte parcial ou total das plantas, segundo o índice de infestação. Acima de 50%, o caminho é a eliminação do cultivo.
De acordo com Habibe, os produtores precisam agir rápido porque a expansão da doença ocorre de forma rápida. Os prejuízos financeiros são significativos para o produtor rural e para a economia agrícola do Estado. "Infelizmente, muitos produtores não seguem a orientação da fiscalização e permitem a expansão da virose", observa Habibe. "Dessa forma, a única alternativa é a erradicação do cultivo".
Foi o que aconteceu na área de produção em Guaiuba. O produtor (a agência não divulgou o nome dele) resistiu às recomendações dos fiscais da Adagri. Resultado: todo o plantio foi erradicado, isto é, os pés de mamão foram cortados. Segundo a legislação, o corte das fruteiras contaminadas deveria ocorrer por conta e risco do agricultor, que ainda sofreria uma aplicação de multa. Entretanto, a agência preferiu fazer o serviço para evitar que a virose contaminasse outras unidades produtoras.
"O nosso objetivo é fazer um trabalho de educação sanitária, de esclarecimento aos fruticultores", afirma Tuffi Habibe. "No primeiro momento, não temos intenção de punir".
Há três viroses que mais afetam o mamoeiro. São a meleira, amarelo letal e mancha anelar. O contágio ocorre por meio de vetores (mosca, pulgão), mudas infectadas e pela ação do homem que usam ferramentas contaminadas. O único tratamento é o corte, a erradicação das plantas doentes. Os sintomas mais comuns das viroses do mamoeiro são o aparecimento de manchas nos frutos, folhas, no caule e até nas hastes que sustentam as folhas, além de escorrimento de um látex aguado, que escorre e oxida sobre o mamão.
Veículo: Diário do Nordeste