Queijo artesanal mineiro foi registrado em 2008 como patrimônio imaterial brasileiro
Pesquisadores da Embrapa Agroindústria de Alimentos estão em busca de solução para os entraves que impedem a comercialização do queijo do Serro no país. De qualidade e sabor reconhecidos, o queijo artesanal mineiro foi registrado em 2008 como patrimônio imaterial brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Liderados por Rodrigo Paranhos, os pesquisadores da Embrapa trabalham desde abril do ano passado no projeto Agregarte, que entra neste ano na fase de coleta de amostras de leite e de queijo. O Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) é um dos parceiros da pesquisa, junto com a Embrapa Gado de Leite, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG) e a Associação dos Produtores do Queijo do Serro.
O queijo produzido na região mineira do Serro obteve também o registro de indicação geográfica do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi), órgão do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, em dezembro de 2011.
As pesquisas poderão pôr fim à polêmica em torno do produto que, por ser feito com leite cru, não pasteurizado, tem sua comercialização proibida pela legislação brasileira, disse Paranhos à Agência Brasil. A venda do queijo dentro do território mineiro é permitida por uma lei estadual que ampara pequenos agricultores locais cadastrados no IMA.
A polêmica cresceu e, por isso, o Ministério da Agricultura criou um grupo de trabalho para analisar a questão do queijo, produzido em dez municípios. De acordo com Paranhos, as instituições envolvidas precisarão de um grande esforço para trazer para o queijo do Serro para o mercado formal. O queijo artesanal da região segue o padrão dos produtos da pequena agroindústria nacional, a informalidade.
“Minas Gerais foi o estado pioneiro na briga por esse queijo artesanal”, lembrou Paranhos. O pesquisador destacou que Minas elaborou uma legislação específica e acreditou que seu produto pode ser seguro, mesmo sendo feito com leite cru. As queijarias cadastradas no IMA são minoria entre os estabelecimentos do gênero existentes no estado. Segundo Paranhos, é preciso também elaborar programas e políticas públicas para melhorar a qualidade do produto. “E isso é possível”, disse ele, defendendo investimentos na atividade, que gera emprego e renda e é geralmente desenvolvida por agricultores familiares.
Para ele, essa política tem condições de dar resultado. “O Estado tem de olhar com mais carinho para esses produtos”, ressaltou Paranhos. Ele informou que o Agregarte atua em mais duas frentes: a produção informal de farinha de mandioca na Bahia e de açúcar mascavo, no norte fluminense.
Paranhos acredita que o queijo do Serro pode ser feito de maneira artesanal e sem oferecer riscos para a saúde.
Para isso, os produtores têm de cuidar bem dos rebanhos, sem esquecer da vacinação. Ele disse que o Instituto Mineiro de Agropecuária vem mostrando que é possível conseguir, mesmo em pequena escala, um produto de qualidade, se esses cuidados forem tomados.
O projeto Agregarte deve ser concluído até 2015. “Pretendemos caracterizar esse produto tanto em termos dos riscos para a saúde saúde quanto em termos sensoriais [sabor, aroma e cor] para valorizá-lo”. O objetivo do projeto é mostrar que o queijo minas artesanal do Serro tem grande potencial de desenvolvimento social. Não é à toa que ele já é reconhecido há tanto tempo, dentro e fora da região em que é feito, como um produto de qualidade, acrescentou.
No mês que vem, a Embrapa Agroindústria de Alimentos deve participar do grupo de trabalho criado pelo IMA para discutir uma nova legislação para o queijo do Serro.
Veículo: Diário de Pernambuco