Com a oscilação do mercado de trigo, os resultados dos moinhos de Minas Gerais em 2008 devem ficar estagnados com relação aos do ano passado. Apesar de o preço da commodity ter sofrido depreciação, a desvalorização do dólar frente ao real fez com que os negócios ficassem estabilizados. No entanto, as margens de lucro do setor são consideradas baixas.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Moinhos de Trigo de Minas Gerais (Sinditrigo-MG), Domingos Costa, a falta de previsibilidade da conjuntura atual é o principal entrave para o setor. Antes mesmo da crise econômica mundial, a oscilação da cotação do trigo e a dependência do fornecimento de matéria-prima da Argentina já impediam o desenvolvimento do planejamento estratégico das empresas de maneira segura.
Segundo ele, no início do mês a saca do trigo chegou a ser vendida por US$ 175, um dos valores mais baixos já registrados. No entanto, desde então a commodity teve uma recuperação de preço e já está sendo vendida a US$ 180. Costa ressaltou que em setembro o trigo era comercializado a US$ 400.
Um dos principais ganhos registrados pelo setor nos últimos anos, de acordo com Costa, foi a maior aproximação entre os produtores de trigo do Estado e os responsáveis pela moagem na região, a partir de uma parceria estabelecida entre a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). Com isso, a produção de Minas Gerais que era de apenas 20 mil toneladas por ano, passou para 50 mil toneladas em 2007 e chegou a 110 mil toneladas em 2008.
Diversificação - "Infelizmente o crescimento da produção não foi acompanhado de uma melhoria das margens de lucro do setor", disse. No entanto, o consumo da commodity no Estado é de cerca de 1,2 milhão de toneladas anualmente e os moinhos dependem do fornecimento de outros estados e da Argentina. A tendência é que a partir de maio de 2009 as empresas mineiras passem a contar com produtores de outros países, como os Estados Unidos.
Porém, Costa ressaltou que o trigo produzido nos EUA chega a ser entre 20% e 25% mais caro do que o vendido pela Argentina. O presidente da entidade ressaltou que o preço mais elevado se deve ao fato de que o frete e o produto são mais onerosos do que os do país vizinho ao Brasil. "Vale a pena pagar mais pelo trigo para diminuir a dependência dos argentinos. Nos últimos anos tivemos muitos problemas de fornecimento o que acabou prejudicando o mercado interno", disse.
Segundo ele, não se pode dizer que, com a majoração dos custos, os derivados de trigo no Brasil devem ficar mais caros a partir do próximo ano. Segundo ele, muitos fatores determinam o preço da farinha de trigo, que dependerá também da conjuntura da economia em 2009. "Não podemos determinar como será o ritmo de consumo e da cotação da commodity no mercado internacional", avaliou.
Costa ressaltou que em Minas Gerais atualmente existem apenas quatro moinhos em funcionamento: o Moinhos Vera Cruz, localizado em Santa Luzia; o Caferpe, em Uberlândia; o Sul Mineiro, em Varginha; e o da Vilma Alimentos, em Contagem. Atualmente cerca de 80% da produção é voltada para o atendimento do mercado do Estado.
Veículo: Diário do Comércio - MG