O mercado do trigo apresentou um desempenho razoável em 2008, com os produtores que colheram o grão antes de agosto obtendo bons preços e aqueles que tiveram colheita mais tardia enfrentando preços baixos, entre R$ 500 e R$ 520 por tonelada. O balanço foi feito pelo vice-presidente da Associação dos Triticultores de Minas Gerais (Atriemg), Eduardo Elias Abrahim, que explicou que o pico de preço foi alcançado no final de julho, quando a tonelada do grão chegou a R$ 750 e desde então os preços vêm sofrendo sucessivas quedas.
De acordo com o dirigente, a produção deste exercício girou entre 100 mil toneladas e 120 mil toneladas de trigo em Minas Gerais. O Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba e Noroeste do Estado se mantiveram como principais produtores em 2008. "Porém a triticultura mineira enfrentou alguns problemas com doenças ocasionadas pelas temperaturas mais altas registradas no decorrer deste exercício", explicou.
Não foi um ano fácil para a produção de trigo no Estado, salientou Abrahim. Segundo ele, apesar da produtividade ter sido considerada boa em Minas - média entre 5 toneladas e 5,5 toneladas por hectare -, os custos reduziram a renda dos produtores. "No início do ano, os gastos eram acessíveis e entre os meses de maio e junho começou a elevação dos insumos. No intevalo setembro/outubro, os custos de produção saltaram, alavancados pelos adubos que tiveram altas que variaram entre 100% e 150%", destacou.
Argentina - Por se tratar de uma cultura cujo custo médio é variável, neste exercício o dirigente afirmou que os gastos por hectare ficaram entre R$ 1,8 mil e R$ 2 mil por hectare. "As perspectivas para o ano seguinte dependerão apenas da produção final da Argentina, que poderá influenciar os preços do trigo no mercado interno e, conseqüentemente, estimulando ou não a próxima safra", salientou Abrahim.
A Argentina está passando por um período em que a triticultura poderá registrar uma quebra de até 40% no volume. No último ano, foram produzidos 15 milhões de toneladas e o dirigente acredita que a safra que chegará ao mercado em 2009 ficará em torno de 9,5 milhões de toneladas, projetou. "Mesmo com esta estimativa, só poderemos ter alguma certeza a partir de janeiro, período que a colheita está finalizada naquele país", ponderou.
Para 2009, a expectativa dos triticultores mineiros é com relação à redução da carga tributária. O governo está estudando a redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS). Do produto que sai do Paraná e de São Paulo é recolhido 2% enquanto o que Minas Gerais recolhe equivale a 12%. "Estamos querendo equiparação de alíquotas e estou otimista, esperando que até o final de janeiro esta reivindicação seja atendida pois, assim, abriremos as porteiras do Estado para os produtores", projetou.
Veículo: Diário do Comércio - MG