Para manter clientela, água sanitária vai mudar

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Para o terror das patroas que odeiam ver suas roupas manchadas com cloro, a indústria de produtos de limpeza aposta na tradicional água sanitária como a vedete de 2009. Para alegria das empregadas domésticas que adoram fazer limpeza com o produto removedor de manchas e bolores, em março, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) regulamenta um novo tipo de água sanitária: a concentrada. 
 
 

A categoria ficará dividida em três tipos: a normal, com concentração de cloro entre 2% e 2,5%, a alvejante (mesma concentração, mas acrescida de outras substâncias) e a novidade, que terá de 3,9% a 5,6% de cloro. 

 

A nova formulação está sendo comemorada pela indústria como uma boa escapatória para o consumidor preocupado com a crise. "Com mais renda no bolso nesses últimos anos, as pessoas migraram da água sanitária para produtos mais elaborados, ou da água sanitária vendida ilegalmente para a formal", diz Maria Eugenia Saldanha, diretora executiva da Abipla (Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Limpeza e Afins). Com o temor de que uma recessão possa atingir o país, a nova categoria seria uma alternativa mais barata para o consumidor e de melhor margem para a indústria, em relação à água sanitária comum. "Em vez de migrar de volta para a água sanitária ou para o produto ilegal, o consumidor ficaria no meio do caminho, com a concentrada", explica a executiva. 

 

Antes mesmo de a Anvisa aprovar definitivamente a nova categoria, a indústria já se prepara para lançar o novo produto, assim que o órgão der a permissão de comercialização. "Há anos estamos fazendo essa reivindicação à agência", diz Celso Miranda de Lima, gerente industrial da Indústrias Anhembi, fabricante da Q'boa e da Super Candida, duas das marcas mais vendidas no país. A empresa, segundo ele, deve lançar a versão concentrada no final de março, com um preço entre R$ 2 e R$ 4,50. 


 
 
"Queremos criar produtos melhores para acompanhar o crescimento do mercado", diz ele, considerando que as vendas têm aumentado para a empresa em média dois dígitos ao ano. "Não é que as pessoas estejam comprando mais. Elas estão, na verdade, deixando de adquirir o produto informal e passando a comprar a versão industrializada". Nesse mercado, os produtos de fundo de quintal somam 55% das vendas, conforme dados de 2007 da Abipla. 

 

Mas o que leva o consumidor a preferir os ilegais? Concentração e preço, segundo Eugênia. É por isso que a nova formulação está sendo considerada um trunfo para vencer os piratas, vendidos de porta em porta ou nos fundos de lojas de produtos de limpeza. "O consumidor acha que o produto ilegal é mais concentrado. Muitas vezes é. Mas nem sempre é puro e muitas vezes faz mal à saúde", diz ela. 

 

Quanto ao preço, uma das vantagens dos ilegais - além de não pagar impostos - está na embalagem. O comércio ilegal reaproveita garrafas de refrigerante para embalar a mercadoria - o que pesa muito na comparação com o mercado formal, uma vez que, para a indústria, a embalagem é 60% do preço ao consumidor. Daí a diferença de preço entre um e outro chegar a 80%. 

 

Foi por isso que a Abipla também pediu à Anvisa a liberação do comércio do produto em sachês, de cerca de 100 ml. A expectativa é que o sachê, com preço abaixo de R$ 0,50, agrade empregadas e patroas. "Será água sanitária em dose única. Assim a dona-de-casa poderá controlar melhor o uso do produto, além de pagar bem menos", diz Eugênia. 

 

Veículo: Valor Econômico


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