Na esteira da polêmica do tomate, preço maior ao produtor neste ano recupera perdas de de 2012, ao mesmo tempo em que torna a hortaliça mais cara para o consumidor
Uma alta de 168% em 12 meses, como ocorreu recentemente com o tomate, costuma alarmar o consumidor. Agora, a hortaliça que deve assumir o papel de vilã dos preços é a batata-inglesa. O produto já registrou alta de 90,54% nos últimos 12 meses, um aumento só menor do que o do tomate, de acordo com o IPC-S, calculado pela Fundação Getulio Vargas em Porto Alegre. Para efeito de comparação, a inflação medida pelo IPCA de abril de 2012 a março deste ano, utilizada como referência do regime na meta de inflação pelo governo, foi de 6,59%.
Nesta temporada, fatores como clima, alta no preço dos insumos, do óleo diesel e a mão de obra escassa impactaram a produção de todo o país. No caso da batata-inglesa, depois da produção mais intensa entre dezembro e março, o Estado está no final da safra. Há um segundo período (safrinha) em algumas áreas até junho. A previsão é de que os preços não parem aí: como praticamente todos os produtos agrícolas, a batata ainda deve ficar mais cara com o final da safra.
O que é uma má notícia para o consumidor, porém, pode ser vital para o agricultor. Neste ano, afirmam produtores, os custos estão em alta e a remuneração maior apenas recupera perdas do ano passado, quando um quadro de superoferta derrubou os valores pagos pelas hortaliças no Brasil.
– Em 2012, o custo da saca de 50 quilos foi de R$ 24 e a gente acabava vendendo por R$ 14 – recorda o produtor de batata-inglesa Alexandre Fais, de São Francisco de Paula.
Neste ano, o cenário é diferente. O custo de produção da saca, na propriedade, fica em R$ 32 na média, enquanto o valor da venda é de até R$ 60.
– Nos hortigranjeiros, quando o clima atrapalha (uma cultura), por exemplo, atrapalha a todos. Se tem problema com crédito para comprar insumos, o problema atinge todo mundo também – explica o produtor.
Há 18 anos cultivando batata- inglesa e acostumado com as variações do mercado, o produtor não alimenta expectativa de continuar com ganhos em alta em 2014. Fais já prevê redução de 30% nos 300 hectares cultivados neste ano.
– Eu vou diminuir a área. Sempre que uma cultura está em alta, no ano seguinte muitos decidem plantar, e os preços diminuem – alerta.
Veículo: Zero Hora - RS