A Via Varejo, formada com a fusão de Casas Bahia e Ponto Frio, anunciada no fim de 2009, tem sinal verde para concluir o projeto de integração das duas redes, algo que dependia da aprovação final do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
A partir de agora, a empresa está livre para fazer ajustes que eram proibidos por determinação do órgão, até a aprovação da fusão das varejistas. "Não podíamos fechar lojas, centros de distribuição e fazer mudanças de bandeiras de loja, como trocar Ponto Frio por Casas Bahia ou vice-versa", disse Vitor Fagá, diretor de relações com investidores da Via Varejo. A empresa não revela que ações devem ser tomadas.
Entre as medidas prováveis, espera-se corte de funcionários em diferentes escalões e áreas e fechamento de lojas, dizem consultores e analistas. "O custo mais pesado de uma operação de varejo está em loja. Eles devem fechar pontos deficitários", disse Claudio Felisoni, sócio fundador da Felisoni Consultores Associados. "Agora é a hora da verdade. Os maiores ganhos de eficiência em Casas Bahia e Ponto Frio vão aparecer daqui para frente", diz Eugenio Foganholo, sócio diretor da Mixxer Consultoria.
Relatórios de bancos já consideram efeitos positivos de futuros ganhos de sinergia com novas medidas de ajuste.
"A aprovação do Cade permite ao grupo começar a fechar posições inúteis, alterar bandeiras das lojas e tornar mais eficiente a infra-estrutura logística. Racionalização dos CDs, juntamente com economias adicionais em áreas como marketing, poderia adicionar três pontos percentuais, ou mais, às margens da Via Varejo", escreveram em relatório os analistas do Bank of America Merrill Lynch (BofA), Robert Ford, Melissa Byun e Nicole Inui.
A margem bruta da empresa está em 27,8% e a margem Ebitda, em 5,7%. Em teleconferência com analistas na terça-feira, o comando da companhia estimou ganhos com sinergia de R$ 200 milhões a R$ 250 milhões anualizados a partir deste ano.
Casas Bahia e Ponto Frio somam 968 lojas, 66 mil empregados e 23 centros de distribuição. Desde a fusão, a empresa já trabalhava comprando mercadorias de forma unificada, como autorizado pelo Cade, e vinha coordenando revisões em seus gastos para reduzir a relação entre despesas operacionais e receita líquida. A taxa atingiu 22,1% de janeiro a março, 0,7 ponto percentual abaixo do verificado em 2012.
"Racionalização do quadro de pessoal" e queda com gastos em tecnologia da informação melhoram esse índice neste ano. Para efeito de comparação, a rede concorrente Magazine Luiza contava com 636 lojas (sem incluir lojas virtuais) em dezembro e 22 mil empregados. A relação entre despesa e receita no Magazine estava em 19,9% em 2012.
Daqui para frente, todas as lojas Ponto Frio e Casas Bahia serão incorporadas em um único CNPJ, e com isso as lojas poderão ser atendidas por qualquer centro de distribuição. "Isso já está em processo", diz Fagá. Melhores formas de usar os investimentos em marketing estão sendo analisados. O Cade obrigava as redes a manter ações de marketing separadas e políticas promocionais não podiam ser alteradas. Isso agora, também acabou.
Veículo: Valor Econômico