Loja da Via Varejo atrai pouca atenção

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Se o que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) quer, com a exigência da venda de 74 lojas das varejistas de eletrodomésticos Ponto Frio e Casas Bahia, é reforçar o nível de concorrência no mercado, a possibilidade de que isso ocorra hoje é pequena. O Valor apurou, com fontes ligadas aos principais concorrentes, que não há grande interesse na aquisição dos pontos. A venda tenderia a ser "picada", com a negociação tendo que ocorrer praticamente ponto a ponto.

Há cerca de 15 dias, o Cade aprovou a união entre o Ponto Frio e as Casas Bahia com a condição de que a Via Varejo, controladora das redes, venda 74 lojas em 54 cidades, onde a concentração é superior a 60%.

Segundo fontes, a Cybelar e a Máquina de Vendas vão analisar o portfólio à venda, e se comprarem algo, será um número pequeno de lojas. Lojas Cem, Colombo e Casa & Video não planejam avaliar e fazer ofertas. O comando do Magazine Luiza já disse a analistas, em março, que não irá fazer propostas para a compra das lojas.

O Valor apurou que o Magazine Luiza até pretende avaliar o portfólio de pontos para ver exatamente o que está à venda, mas a aquisição não é prioridade para a rede hoje, que acaba de finalizar um complexo processo de integração de duas varejistas adquiridas - a Lojas Maia e os pontos da rede do Baú.

Nessa análise, a questão principal é estratégica. Para adquirir lojas em um Estado que uma rede (interessada no ponto) ainda não atua, seria preciso verificar como abastecer os novos pontos. Por exemplo: a Lojas Cem tem unidades em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná. Seria preciso investir num centro de distribuição novo, só para abastecer as lojas compradas no Mato Grosso e no Distrito Federal, onde há unidades à venda. E um centro de distribuição é amortizado em um prazo razoável, se puder abastecer 30 lojas, no mínimo.

No Rio de Janeiro e em São Paulo, alguns pontos à venda estão em ruas movimentadas, onde os rivais de Ponto Frio e Casas Bahia já têm unidades em operação. Isso acontece em cidades como Duque de Caxias (RJ) e Nova Iguaçú (RJ), apurou o Valor.

Entre as 54 cidades, 25 estão localizadas no Estado de São Paulo, 15 no Rio de Janeiro, seis em Minas Gerais, cinco no Distrito Federal, uma em Goiás, uma no Espírito Santo e uma no Mato Grosso. Detalhes das unidades a serem vendidas são mantidos sob sigilo pelo Cade e pela Via Varejo. O Valor apurou que há pontos a serem vendidos em Guarulhos, Mogi das Cruzes, Santos, São Carlos, Praia Grande, Araçatuba (em São Paulo), além de Duque de Caxias e Nova Iguaçú, no Rio de Janeiro.

O Valor apurou que, até o momento, há interesse da Cybelar na loja do Mato Grosso e em pontos no interior de São Paulo. A Máquina de Vendas, analisaria as unidades localizadas na cidade de São Paulo, região ainda não explorada pela empresa. Procurada, a Máquina de Vendas informa que não comenta rumores.

Há uma outra questão que complica um pouco esse cenário: há poucos concorrentes de peso no varejo eletroeletrônico. As redes nacionais mais bem estruturadas, com mais de R$ 1 bilhão em vendas, são (além da Via Varejo) Máquina de Vendas, Magazine Luiza, Lojas Colombo e Casa & Vídeo. No ranking, a maioria das empresas atuam regionalmente, com financeiras próprias e baixo capital de giro. Por isso, como são redes médias ou pequenas, sentem mais dificuldade de competir com as cadeias com alto poder de barganha, como Casas Bahia e Ponto Frio.

E entre as grandes varejistas, o cenário não é dos melhores. A Lojas Colombo, do sul do país, que há cinco meses vendeu os pontos de São Paulo e Minas Gerais para a Cybelar, não pretende explorar o mercado no Centro-Oeste e Sudeste neste momento, onde estão as lojas a serem vendidas da Via Varejo. Comprada pela gestora Polo após atingir altos níveis de endividamento, a Casa & Video, descartaria a ideia de fazer grandes compras de lojas agora. O Magazine Luiza acaba de terminar uma integração longa após a compra de Maia e Baú, e está focada na melhoria dos níveis de rentabilidade da companhia.



Veículo: Valor Econômico


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