Pesquisa revela avanço das coreanas no segmento de máquinas de lavar top load, uma ameaça à toda poderosa Brastemp

Abriga para ganhar espaço nas indústrias de celulares, de TV e de carros não basta para os coreanos que, aos poucos, começam a ganhar a cozinha e a área de serviços dos lares brasileiros, com suas geladeiras e máquinas de lavar roupa. É o que revela pesquisa exclusiva para o Brasil Econômico, realizada pela CVA Solutions, coligada à americana CVM Inc. “A saga dos fabricantes asiáticos na linha branca, porém, será bem mais difícil do que foi na linha marrom”, avalia o sócio-diretor da CVA, Sandro Cimatti, responsável pelo estudo.

Mas no cenário atual, marcas como LG e Samsung já incomodam Brastemp e Consul, da Whirlpool Latin American. O levantamento indica que a LG lidera o segmento de máquinas de lavar roupas front load (acesso frontal). “O que predomina é a marca Brastemp e o modelo top load, mas existe uma movimentação importante das marcas LG e Samsung, num segmento que chega ao País coma dupla função de lavar e secar, tornando-se assim a porta de entrada das asiáticas”, destaca.

Ainda de acordo coma pesquisa que entrevistou 6.882 usuários de máquinas de lavar roupas de todo o País, os modelos top load (acesso superior) estão em uso na maioria dos lares brasileiros pesquisados. Mas parece haver uma migração de comportamento da população, que precisa ser levada em conta.

“Hoje mais de 70% dos homens já operam pessoalmente a máquina de casa”, explica Cimatti. “E eles preferem modelos com alta tecnologia embarcada, coisa que os coreanos tiram de letra”.

Outra transformação que pode levar a um crescimento expressivo das coreanas é que as famílias brasileiras têm cada vez menos empregados domésticos a exemplo do que já ocorre em países da Europa e da América do Norte. “Os casados mais jovens estão desempenhando tarefas domésticas”, diz. E é justamente esse público mais jovem o mais suscetível às novidades.

O estudo sobre geladeiras entrevistou 6.693 usuários e manteve o domínio nesse setor do grupo Whirlpool. Segundo o executivo, a única possibilidade de ameaça seria agregar às geladeiras chips e conexões de internet para funções como lista de supermercado e contato com o varejista online. “Nesse tipo de tecnologia os asiáticos sabem competir como ninguém”, analisa Cimatti. É o que começa a projetar a Samsung com o refrigerador com tela touch screen e aplicativos high-tech como o Google Agenda.

Para o gerente da Divisão de Eletrodomésticos da Samsung, Jefferson Pimentel Porto, como é muito recente e com preços acima da média, o consumidor ainda adota como referência na compra pontos como design, consumo de energia e benefícios. “Quando os produtos de linha branca conectados se popularizarem, teremos uma mudança mais significativa.” Isso não significa que elas não estão em curso.

“Temos uma tecnologia usada no pós-venda que transmite um sinal via telefone direto ao Serviço de Atendimento ao Consumidor”, conta o diretor de Vendas de Linha Branca da LG, Marcelo Perin. “Trata-se de um pré-diagnóstico que evita a visita técnica”.

Na avaliação do executivo, a pegada mais sustentável aliada a tendência e performance tornam os produtos tão confiáveis quanto os da linha marrom. “É óbvio que ainda não é a primeira marca de interesse, mas os consumidores já perceberam os vários benefícios oferecidos e devem ganhar mais confiança à medida que toda a produção for local”.



Veículo: Brasil Econômico