Esforços em busca de uma melhor eficiência operacional, para recompor margens de lucro. O roteiro da M. Dias Branco, líder do mercado de biscoitos e massas no país, já é bem conhecido dos investidores e se mantém neste trimestre, assim como a visão positiva dos analistas sobre a administração da companhia. Os preços elevados das matérias-primas utilizadas pela empresa, especialmente os do trigo, comprimiram os ganhos nos primeiros três meses do ano e levaram a um resultado final considerado "fraco" pelos especialistas. Com isso, algumas instituições ainda estão revisando suas projeções, enquanto outras já reiteraram a indicação "neutra" para os papéis - caso do Bank of America Merrill Lynch (BofA), Planner e Coinvalores.
Apesar de manter a recomendação para as ações da M. Dias, o BofA elevou o preço-alvo dos papéis após o balanço do primeiro trimestre, de R$ 89 para R$ 98. No último dia 7, o ativo fechou cotado a R$ 91 e, dada a proximidade com o valor calculado pela instituição, o potencial de ganho é considerado "limitado". A estimativa do banco para o lucro por ação da companhia subiu de R$ 4,45 para R$ 4,67 em 2013, enquanto a projeção para o próximo ano passou de R$ 5,59 para R$ 5,78. A empresa divulgou um lucro líquido de R$ 108 milhões no período de janeiro a março deste ano, com alta de 1,4% em relação a igual intervalo de 2012. O Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) recuou 5,7%, para R$ 149,5 milhões, enquanto a margem Ebitda diminuiu em 3,7 pontos percentuais, fechando em 15,8%.
"Esperamos que as margens [de lucro] comecem a melhorar nos próximos trimestres, impulsionadas pelos menores custos de matérias-primas", afirmaram em relatório os analistas Fernando Ferreira e Isabella Simonato, do BofA. Segundo eles, a empresa pode se beneficiar ainda dos preços mais baixos do óleo de soja.
Expectativa semelhante tem o analista Henrique Koch, do BB Investimentos. Ele acredita em estabilização ou possível queda nos preços do trigo nos próximos meses, beneficiando os resultados operacionais da companhia. "Do ponto de vista da estratégia corporativa, entendemos que a M. Dias vem conseguindo crescer de forma sustentável, mantendo sua posição de liderança nos mercados em que atua, o que nos deixa otimista quanto ao desempenho ao longo do ano", diz o especialista, em relatório.
Do lado da companhia, o discurso tem sido cauteloso. Na entrevista sobre os resultados do trimestre, no último dia 7, o então diretor de investimentos e relações com investidores (RI) da M. Dias, Álvaro Luiz Bandeira de Paula, disse que não poderia prever em quanto tempo será possível recompor as margens de ganho. No mesmo dia, o executivo anunciou que deixará empresa. De acordo com ele, suas funções serão parcialmente ocupadas por Bruno Cals, sob o cargo de assessor de RI.
Como parte do plano para controlar gastos, a M. Dias está diminuindo quase à metade o volume de seus estoques de trigo, que no início de março equivaliam a quatro meses de produção. "A razão para a redução de estoques é a expectativa de queda do preço do trigo no mercado internacional no segundo semestre", afirmou o vice-presidente de investimentos e controladoria, Geraldo Luciano Mattos Júnior.
Veículo: Valor Econômico