Produtores de horticultura e fruticultura na chuvosa região serrana do Rio de Janeiro já conseguiram reduzir em até 52% os gastos com as aplicações de agrotóxicos em suas lavouras desde que começaram a utilizar as plataformas de monitoramento climático da Ollearys, fornecidas pelo governo estadual no ano passado. Por conta das altas médias locais de pluviosidade, os produtores costumam realizar aplicações intensivas de agrotóxicos para evitar a propagação de doenças, favorecidas pela umidade.
A produtora de tomates Margarete Satsumi Tiba foi uma das três primeiras a adotar a tecnologia, que foi disponibilizada pela Pesagro com verbas da Faperj. O recurso público veio a ela em bom momento. Um ano antes, em 2011, a produtora havia sofrido com as chuvas torrenciais que caíram sobre a Região Serrana e estava atrás de técnicas que garantissem menos custos e mais produtividade. Com o monitoramento, ela passou a realizar dez aplicações de agrotóxicos a cada cinco meses em sua lavoura, enquanto os produtores que já buscam usar menos defensivos costumavam realizar 30 aplicações em cada três meses.
Segundo a produtora, houve uma sensível redução de custos, mas que ainda não pode ser avaliada. Ela garante, porém, que já sentiu um ganho de produtividade, já que conseguiu prolongar de três para cinco meses o período de longevidade dos tomateiros, que em sua região costumam ter vida curta por causa do alto grau de umidade local.
O produtor Valdenir Faria Fernandes, de Nova Friburgo, sentiu uma diferença direta na produtividade. Enquanto antes ele aplicava 29 pulverizações em três meses para retirar 180 caixas, agora ele realiza 10 aplicações e retira 220 caixas. Além do casamento entre redução de custo e aumento de produção, ele conta ainda que sentiu melhora sensível na qualidade do tomate. "É muito bom trabalhar quando se tem qualidade reconhecida", atesta.
O CEO da Ollearys, Marcos Balbi, destaca ainda que o uso controlado de defensivos também reduz o uso de água em até 1,2 mil litros por hectare, já que a água é utilizada para realizar a pulverização dos defensivos.
As estações foram instaladas num raio de 70 quilômetros ao redor de Nova Friburgo e, segundo o executivo, há uma nova etapa de negociações com o governo para ampliar o projeto.
Atualmente, há 20 unidades instaladas na região, três delas financiadas com verbas da Faperj, e as demais, pela própria Ollearys. Para a interpretação dos resultados e aconselhamento dos produtores, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que disponibiliza engenheiros residentes para atuar em campo.
Veículo: DCI