A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) não fará mais nenhum leilão em apoio à comercialização da safra de laranja até a conclusão das investigações sobre fraudes nas operações já realizadas.
"O governo suspendeu as negociações sobre a retomada dos leilões até que o assunto seja esclarecido", disse Marco Antonio dos Santos, presidente da câmara setorial da Citricultura e do Sindicato Rural de Taquaritinga (SP). Ele lamentou a decisão ao lembrar que o apoio do governo é fundamental para superar a crise que atinge os citricultores há três anos.
Desde a supersafra de 428 milhões de caixas colhidas no ano agrícola 2010/2011 as indústrias vêm carregando grandes estoques de suco, o que reduz a demanda e pressiona os preços da laranja.
Marco Antonio questiona a metodologia empregada pelos fiscais da Conab que, ao vistoriar os arrematantes do leilão de prêmios (Pepro) realizado em janeiro deste ano, para concessão dos subsídios na venda da laranja às indústrias, encontraram irregularidades em 111 produtores rurais, entre os 261 que participaram do pregão. Ele argumenta que grande parte das irregularidades encontradas não pode ser considerada fraude e sim problemas provocados pelas dificuldades dos produtores para se adequar às regras dos leilões, pois esta foi a primeira vez que o Pepro foi utilizado para apoiar a comercialização de laranja.
Ele acredita que, após a conclusão do trabalho de depuração das denúncias que está sendo feito pela Conab e da manifestação do direito de defesa dos suspeitos, restarão poucos casos de fraudes do leilão realizado em janeiro.
Segundo ele, pode até ser que se confirmem as irregularidades apontadas pelos fiscais da Conab, "mas será uma minoria", diz ele, que confia nas informações da Cutrale, empresa que adquiriu 80% da laranja comercializada por meio dos leilões. O governo empenhou R$ 135 milhões para escoar 30,19 milhões de caixas. Nas operações foram pagos prêmios de, em média, R$ 4,48/caixa aos produtores que comprovaram a venda da laranja às indústrias pelo preço mínimo de R$ 10,10/caixa. A fruta foi efetivamente comercializada por R$ 5,62/caixa.
328 milhões de caixas
A produção comercial de laranja para o ano safra 2013/2014 está estimada, para o estado de São Paulo, em 327,8 milhões de caixas de 40,8 kg. Além disso, 16,2 milhões de caixas poderão situar entre perdas ou de pouca expressão econômica.
Os números são do 1º levantamento da safra realizada pela Conab em parceria com órgãos da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo, o maior produtor nacional (70%), divulgado ontem em Brasília.
Veículo: DCI