Próximo ao vencimento do prazo do segundo congelamento do ano na Argentina, o governo de Cristina Kirchner busca um novo acordo para tentar garantir a estabilidade de preços. Desta vez, o congelamento será limitado a 500 produtos para os supermercados grandes e 300 para os pequenos, informou o diretor executivo da Federação de Supermercados e Associações Chinesas, Miguel Angel Calvete, nesta terça-feira.
O acordo fechado com o secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno, será bimensal e permitirá a volta da propaganda das promoções nos meios de comunicação, o que tinha sido proibido desde meados de fevereiro. No dia 1º de junho termina o período de 60 dias de congelamento nos supermercados, que foi antecedido por um acordo similar entre fevereiro a abril e envolveram também as redes de eletrodomésticos.
O empresário explicou que, atualmente, o congelamento atinge 10 mil itens e, no novo acordo, "vão estar incluídos todos os produtos de primeira necessidade". Ele disse ainda que o governo está negociando com a indústria frigorífica para incluir na lista os cortes de carne mais populares. O fim do congelamento mais amplo, segundo ressaltou Calvete, não implica alta desorganizada dos preços dos demais artigos. "A liberação será feita de forma controlada", afirmou.
Em troca, Moreno prometeu aos supermercadistas manter as barreiras contra as importações para evitar que produtos de outros países entrem no país com preços abaixo dos cobrados pelos supermercados. O secretário também disse que vai interceder junto aos sindicatos para que as negociações salariais do setor não pressionem os preços. Todos os acordos dos sindicatos fechados até o momento preveem aumentos salariais acima de 22%.
As associações de consumidores têm denunciado que o congelamento já havia sido desrespeitado em abril, quando a inflação extraoficial ficou entre 1,4% e 1,8%. Nas prateleiras, vários produtos começaram a faltar. Há duas semanas Moreno vem autorizando aumentos de determinados produtos, como refrigerantes, laticínios, artigos de limpeza e outros.
Os economistas projetam uma inflação anual acima de 25% para 2013 e todos afirmam que o congelamento é ineficaz por períodos prolongados. O governo pretende manter os preços até outubro, quando haverá eleições parlamentares para renovar metade da Câmara e um terço do Senado. "Esperamos uma inflação em torno de 25% e acreditamos que haverá aceleração mais para o fim do ano, em consequência de uma emissão monetária maior", afirmou Fausto Sportorno, economista-chefe da consultoria Ferreres & Associados.
Veículo: DCI