O agronegócio exportou um volume recorde no primeiro trimestre deste ano, 19% acima do registrado nos três primeiros meses do ano passado, o que compensou a queda de 8% nos preços internacionais das commodities agrícolas e garantiu o aumento do faturamento do setor em dólares. Os dados são do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq, que calcula que a receita do setor tenha crescido 6%. Já o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) divulgou um aumento de 14,3% no faturamento, somando US$ 30,22 bilhões.
Alguns produtores, porém, ainda esperam preços melhores para vender parte da safra colhida neste ano. É o caso de Jeison Lameira, que possui uma lavoura de milho em Sorriso (MT). Ele afirmou que esperará o preço da saca do grão subir para ao menos US$ 15 para vender as 10 mil sacas que estão armazenadas e que correspondem a metade da produção de seus 1,2 mil hectares. A outra metade estava vendida em contrato futuro que lhe garantiu os US$ 15 na saca.
O milho foi o grande destaque dos embarques do agronegócio no primeiro trimestre. A quebra da safra do grão nos Estados Unidos, por causa da seca que atingiu o país no ano passado, atraiu os compradores internacionais para o milho brasileiro, cujos embarques subiram 409% na comparação com o mesmo trimestre de 2012, segundo o Cepea. De acordo com o Mapa o faturamento com as exportações do grão subiu 558,3%, acumulando uma receita de US$ 2,2 bilhões.
A soja correu no sentido contrário. Apesar da perspectiva de produção 23% maior com relação à safra passada, os problemas logísticos nos portos e o atendimento da própria demanda interna fizeram com que o volume das exportações do complexo soja recuassem 34% na comparação com o primeiro trimestre de 2012. Os embarques de farelo recuaram 38% e os de óleo, 49%, de acordo com dados do Cepea.
Porém, como a cotação da soja no mercado futuro estava alta quando o grão foi negociado, no ano passado, o faturamento com as vendas do produto ao exterior alcançou US$ 8,19 bilhões no primeiro trimestre, alta de 5,9%, segundo o ministério.
No entanto, o complexo soja já apresentou uma recuperação em abril e alcança um aumento no volume de 3,6% desde janeiro, com 11,65 milhões de toneladas exportadas, segundo o Mapa.
O setor sucroalcooleiro foi outro destaque dos embarques agrícolas. Apesar dos preços 20% menores, o volume de açúcar exportado cresceu 68%. Também apresentou crescimento exponencial o embarque de etanol, de 151%. A pesquisadora Andrea Adami, do Cepea, explica que a variação alta se dá pelo baixo volume exportado do produto, que passou de cerca de 200 mil toneladas para 507 mil toneladas.
Câmbio
Entre janeiro e março, a apreciação cambial teve dois efeitos: estimulou as exportações e compensou os baixos preços internacionais. De acordo com cálculos do Cepea, a taxa de câmbio efetiva real do agronegócio recuou 5%, o que minimizou a queda da atratividade das exportações nacionais. Segundo Adami, o câmbio estável e acima dos R$ 2 favorece a competitividade dos exportadores brasileiros.
Perspectiva
Segundo avaliação do Cepea, a perspectiva de que a safra 2012/2013 do milho fique 9% acima do período passado deve favorecer as exportações nos próximos meses, assim como nos embarques de soja. Já os produtores ainda não estão otimistas com o ano. Naildo Lopes, por exemplo, conta que ainda não vendeu nenhum contrato futuro da safra de soja 2013/2014. Ele diz que, há um ano, já tinha vendido a soja por uma média de US$ 23. "O mercado está sem negócio", diz.
Veículo: DCI