Pela primeira vez no Brasil após ser eleito diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), o embaixador Roberto Azevêdo, afirmou na última sexta-feira que veio ao País para agradecer ao governo e ao setor privado pelo apoio. "Foi um esforço de País, felizmente, muito bem-sucedido. Então, uma das primeiras coisas é agradecer a todos", afirmou, no Ministério das Relações Exteriores, em Brasília.
Azevêdo disse que, além de "tratar de coisas administrativas", visitará tomadores de decisão no Brasil. "A ideia é conversar sobre o futuro do sistema multilateral de comércio, a economia mundial, economia brasileira e como o Brasil se insere nesse contexto", afirmou. "No fundo, são conversas que eu vou ter também com outros países, a partir do momento que eu tome posse. Com o Brasil, estou fazendo um pouco antes", disse. Ele lembrou que começa no cargo de diretor-geral da OMC em 1º de setembro.
O embaixador afirmou ainda que é preciso repensar conceitualmente a Rodada Doha. "Assumindo a direção geral, minha ideia é evitar tentar fazer ajustes apenas. Precisamos repensar conceitualmente a Rodada Doha, o que está sobre a mesa, e partir para uma orientação para tentamos encontrar os limites do possível e não do desejável."
Ele colocou ainda que "precisamos esquecer o que gostaríamos de ter na rodada, para ver o que é possível ter da rodada". Questionado sobre se já se encontrou com a presidente Dilma Rousseff após a eleição na OMC, Azevêdo disse que é possível que ocorra uma reunião nos próximos dias. "Estamos tentando agendar uma conversa, que pode acontecer ainda ao longo da semana que vem", disse.
Azevêdo afirmou que "não é óbvio muitas vezes identificar medida restritiva ao comércio ou protecionista". Ele disse que houve aumento do protecionismo após 2008. "Há uma primeira indicação de que essa tendência está começando a cair, pois 20% das medidas já foram retiradas. O diretor-geral precisa se assegurar que a retirada de medidas restritivas ao comércio se acelere".
Segundo ele, é dever do diretor-geral da OMC se preocupar com "o caminho que o mundo está tomando". "O diretor-geral não está lá para apontar o dedo, tem que se preocupar com as tendências mundiais", defendeu. Azevêdo que disse ainda que o novo diretor-geral tem que chegar "com mão na massa" e que há um temor de que a discussão de novos temas signifique um abandono das negociações atuais. "É importante que se passe confiança aos membros de que a rodada continua viva, em vigor, para que se possa falar de temas novos", explicou o embaixador.
"A esperança é continuarmos no sentido de defasagem dessas medidas [protecionistas] e que iniciemos um movimento de liberalização comercial mais robusta. Mas isso vai demorar, vai ser lento", afirmou.
Veículo: DCI