Responsável por 53% da produção nacional de algodão, o Estado de Mato Grosso consolidou nos últimos três anos o plantio dessa cultura na segunda safra, ao contrário dos outros Estados que apenas cultivam a pluma na safra principal. Esse diferencial permite que os produtores do Estado diluam custos e riscos, elevando a rentabilidade com o algodão.
O presidente da SLC Agrícola, Aurélio Pavinato, explica que o custo nas áreas de algodão safrinha é cerca de 7% mais baixo que o da safra principal. A conta considera que a cultura divide 50% dos custos fixos com a soja, que é cultivada na mesma terra. Parte dessa vantagem é perdida porque a produtividade da segunda safra é menor, e equivale a 85% a 90% do desempenho do cultivo principal.
"A soja e o algodão fazem uma dobradinha perfeita. A rentabilidade é, no mínimo, o dobro da alcançada com a dupla 'soja e milho', com exceção de quando o milho está com preço muito elevado, como no ano passado'", diz.
O produtor e conselheiro da Associação dos Produtores de Algodão de Mato Grosso, João Luiz Ribas Pessa, também acrescenta que outra vantagem do algodão é que ele pode ser estocado a céu aberto depois de prensado. "O milho, não. Compete por armazéns com a soja", compara Pessa.
O presidente do Grupo Pinesso, Gilson Pinesso, diz que o retorno com algodão não será tão bom em 2013/14 quanto no ciclo anterior. Os cálculos para 2013/14 indicam rentabilidade líquida de US$ 500 a US$ 600 por hectare - (considerando produtividade de 4 mil quilos por hectare de algodão em caroço, em Mato Grosso). No ciclo 2012/13, esse valor ficou entre US$ 900 a US$ 1 mil por hectare, segundo Pinesso, que também preside a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão.
O produtor João Luiz Pessa observa que os números se encaixam nas projeções de retorno dos grandes produtores. Ele observa que os de menor porte não devem ampliar muito a área pois os custos estão mais altos e a rentabilidade para esse grupo de produtores menores, não será tão boa. "Os pequenos que não conseguirem se financiar com contrato de exportação não conseguirão plantar", diz Pessa.
De forma geral, as cotações internacionais do algodão vêm se sustentando nos últimos anos nas aquisições da China e do menor crescimento de área com algodão nos Estados Unidos, que privilegiam o cultivo de milho e soja. Desde a safra 2006/07, a área americana de algodão recuou 1,21%, enquanto a de milho aumentou 24% no mesmo intervalo, segundo dados do USDA.
Veículo: Valor Econômico