Mitsubishi compra o controle da brasileira Ceagro por R$ 1 bilhão

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A japonesa Mitsubishi Corporation comprou o controle da produtora agrícola brasileira Ceagro, uma das maiores produtoras de soja e milho do País. Desde janeiro de 2012, a companhia asiática detém uma participação de 20% na empresa sediada em Goiás. Ontem, ela anunciou ter comprado outros 60%. Embora o valor do negócio não tenha sido revelado, fontes do mercado afirmam que os japoneses desembolsaram cerca de R$ 1 bilhão pela fatia.

Antes de se associar à Ceagro, a Mitsubishi mantinha uma operação modesta no Brasil, que se restringia a comprar soja e outros grãos de grandes produtores e enviar para a Ásia. "A intenção deles sempre foi ter uma operação dentro do campo, como ela já tem nos Estados Unidos", disse uma fonte próxima à multinacional. A aquisição, fechada no fim de semana passado, mas anunciada ontem ao mercado no Japão, marca a entrada da companhia na produção de grãos no País.

A Ceagro era controlada pelo grupo Losgrobo, do argentino Gustavo Grobocopatel, um dos maiores produtores de soja do país vizinho, e pela gestora de investimentos carioca Vinci, do banqueiro Gilberto Sayão. Em 2008, os dois se associaram e criaram uma empresa (na qual cada um detinha 50% de participação) para investir no agronegócio brasileiro.

Eles estrearam no setor fazendo aquisições. A primeira foi a da Ceagro - empresa do Maranhão fundada pelo empresário Paulo Fachin em 1994, para atuar na venda de grãos. No ano seguinte, Grobocopatel e Sayão compraram a Selecta, de Goiás, que atuava na originação e produção de grãos.

Os sócios promoveram a fusão das duas empresas em 2010, dando origem à Ceagro Losgrobo. O empresário argentino e o banqueiro passaram a deter juntos 60% da companhia. O restante permaneceu nas mãos do fundador, Paulo Fachin, que foi mantido na presidência na nova empresa.

A participação dos três foi diluída com a entrada da Mitsubishi, em janeiro de 2012. Na semana passada, Vinci e Losgrobo deixaram definitivamente o capital da empresa, vendendo sua participação para os japoneses. Fachin permanece com 20% e segue na administração. "Foi uma ótima oportunidade de negócio tanto para a Vinci quanto para Losgrobo", diz Carlos Eduardo Martins, sócio da gestora carioca. "Quando assumimos a Ceagro, em 2008, ela faturava R$ 100 milhões e era uma empresa regional. Vendemos uma companhia com atuação nacional e que faturou na última safra R$ 1,1 bilhão."

Desde o ano passado, a Ceagro já respondia por mais da metade do faturamento total do grupo Losgrobo. Com a venda para a Mitsubishi, os argentinos se desfazem de seu maior negócio e seguem no Brasil com uma operação muito pequena de moagem de trigo.

Vantagem. Para Glauco Puccinelli Monte, especialista em grãos da IntlFCStone, consultoria americana que oferece planejamento estratégico para empresários do agronegócio, a saída do grupo Losgrobo do Brasil se justifica pelo porte do negócio fechado com os japoneses. "O valor de venda foi bastante vantajoso para os argentinos", diz. "O principal atrativo são as terras, já que a fábrica de esmagamento de soja no Mato Grosso valeria, no máximo, cerca de R$ 100 milhões."

Segundo Monte, a vantagem da entrada da Mitsubishi na empresa de Goiás é a capacidade de investimento dos japoneses no financiamento de produtores rurais, especialmente de fertilizantes. "A Ceagro tem a tradição de realmente entrar como uma parceira do produtor."



Veículo: O Estado de S.Paulo


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