A Bic quer fazer tchan
Por que a empresa francesa escolheu o Brasil para lançar seu barbeador recarregável
Por Luciele VELLUTO
A americana Gillette, hoje parte do portfólio de marcas da P&G, transformou-se em sinônimo de lâminas de barbear. Nos anos 1990, como devem se lembrar aqueles que têm mais de 40 anos, uma de suas propagandas ficou conhecida por associar o som “tchan” ao ato de uma barba bem-feita. Quase 20 anos depois, a francesa Bic quer fazer seu tchan no mercado brasileiro. Ela já detém uma fatia de quase 10% no País. Agora, escolheu o Brasil para ser o primeiro mercado do mundo a receber suas lâminas de barbear recarregáveis, em um ataque direto à Gillette, dona de mais de 80% desse segmento. Até agora, a empresa francesa só fabricava barbeadores descartáveis. “Queremos capitalizar essa migração para produtos de maior valor”, diz Horacio Balseiro, presidente da subsidiária brasileira da Bic.
CEO Balseiro: "queremos capitalizar a migração do consumidor para produtos de maior valor"
O produto, que conta com quatro lâminas flexíveis e já está à venda no mercado, foi desenvolvido na Grécia. Em 2014, ele deve começar a ser produzido nas instalações de Manaus. O investimento na linha de produção será de R$ 40 milhões, de acordo com Balseiro. Além do Brasil, Argentina e México devem receber o barbeador neste mês. Só então a Bic deve entrar com essa linha nos Estados Unidos. Em 2012, a empresa cresceu 4%, com faturamento global de € 1,9 bilhão (R$ 5 bilhões). O Brasil é a segunda maior operação da multinacional, com receita de R$ 800 milhões no ano passado. De todos os segmentos em que a Bic atua, o de barbeadores foi o que teve maior aumento nas vendas, de 13% na comparação com o ano anterior.
Disputar novos mercados com grandes concorrentes não é uma novidade para a companhia francesa. Há três anos, a multinacional entrou no mercado de pilhas e, há dois anos, a decisão foi investir em colas instantâneas. Agora, a Bic quer enfrentar a rival Gillette na área de aparelhos de barbear recarregáveis, que representam 75% das vendas no mercado brasileiro, segundo Balseiro. “Em mercados em que há uma empresa dominante dessa forma, o consumidor compra não por lealdade à marca, mas por falta de opção”, afirma Maximiliano Tozzini Bavaresco, sócio da consultoria de branding Sonne. Para conseguir ser escolhida pelos consumidores, a Bic terá de provar que é capaz de fazer “tchan, tchan, tchan, tchan”.