A Basf pretende investir quase € 50 milhões (cerca de R$ 140 milhões) para elevar a produção de defensivos agrícolas no Brasil até 2014, afirmou ontem ao Valor o presidente mundial da divisão de Proteção de Cultivos da empresa, Markus Heldt.
Os recursos serão usados na construção de duas novas plantas no complexo industrial da companhia em Guaratinguetá (SP), onde devem ser formulados dois novos químicos usados no combate a ervas daninhas e doenças fúngicas para o mercado brasileiro de soja. A previsão é que as fábricas entrem em operação em junho do ano que vem. A Basf também está concluindo a ampliação da fábrica onde sintetiza o fungicida Boscalid, usado em culturas como canola, café, cereais, frutas e vegetais. Guaratinguetá é a plataforma global de produção do princípio ativo.
Em todo o mundo, a Basf prevê investir €300 milhões anuais em expansão de capacidade na produção de defensivos para sustentar sua meta de crescimento. Até 2015, a divisão agrícola da múlti espera alcançar uma receita de €6 bilhões, 27% a mais que os €4,67 bilhões do ano passado.
A Basf não revela a participação do Brasil em sua receita. Mas a América do Sul respondeu por 26% das vendas, cerca de €1,2 bilhão. A região fica atrás apenas da Europa, que gera 30% da receita, mas é a que mais cresce. Em 2012, avançou 17%.
Heldt afirma que o mercado brasileiro de defensivos, que cresceu a taxas de dois dígitos nos últimos anos, deve manter o ritmo forte por um período ainda longo. Segundo ele, a ampliação da área de cultivo, a substituição de defensivos antigos por produtos mais modernos e a busca por ganhos de produtividade devem assegurar a expansão.
Nem mesmo a proliferação dos produtos genéricos, que responderam por mais de 60% dos defensivos químicos consumidos no Brasil no ano passado, parece abalar esse otimismo. "Acreditamos na inovação e investimos muito dinheiro nisso. No longo prazo, vamos ganhar essa briga."
O executivo afirma ainda não se preocupar com a perspectiva, compartilhada por muitos analistas, de queda nos preços agrícolas internacionais. "Os preços vão ficar mais voláteis, mas não vão cair. Os estoques são baixos, e a demanda só vai crescer nos próximos anos", afirma.
O otimismo da Basf em relação ao segmento pode ser expresso em números. Além dos €300 milhões anuais em aumento de capacidade, a companhia aplicou cerca de €430 milhões na pesquisa e desenvolvimento de novos produtos em 2012. "O negócio de químicos será o grande propulsor das vendas da Basf para o setor agrícola nos próximos anos", afirma Heldt.
Assim como suas principais rivais no segmento de defensivos - Bayer CropScience, Syngenta, DuPont e Dow AgroSciences -, a múlti alemã vem ampliando seus investimentos em biotecnologia, de olho no lucrativo mercado de sementes transgênicas. Contudo, os gastos com pesquisa na área - que chegaram a €180 milhões em 2012 - dificilmente vão rivalizar com aqueles destinados a desenvolver novos químicos.
"Nossa estratégia de longo prazo visa a construir uma plataforma de soluções complementares, que inclui defensivos e transgênicos, assim como produtos biológicos. Os recursos gastos com P&D vão crescer como um todo nos próximos anos, mas o balanço entre as duas áreas provavelmente vai se manter no patamar de 2012", afirma Heldt.
Veículo: Valor Econômico