A comida do paulistano está mais cara. Entre as medições de inflação completas de 2008 já divulgadas, o grupo de alimentos subiu além da média geral. O aumento também pode ser comprovado pela alta da cesta básica que subiu de R$ 258,58 em dezembro de 2007 para R$ 287,80 em dezembro último, elevação de 11,38%.
O Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas do Estado (Fipe), divulgado ontem, terminou 2008 em 6,16%, puxado pelo aumento dos alimentos, de 9,01%.
O Índice de Preços ao Consumidor-Semanal (IPC-S), medido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), fechou o ano passado em 6,07%. O principal aumento foi registrado no grupo de alimentos, que terminou em 10,15%.
Na pesquisa mensal dos valores da cesta básica na capital, a Fundação Procon de São Paulo (Procon-SP) e o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) também detectaram preços em trajetória ascendente na comparação entre os totais de dezembro de 2008 em relação ao mesmo mês em 2007.
Segundo Martinho Paiva Moreira, vice-presidente da Associação Paulista de Supermercados (Apas), a principal pressão em 2008 ocorreu no primeiro semestre, quando os preços de produtos primários, as commodities, estavam em alta no mercado internacional. Segundo ele, itens como trigo, milho, soja e petróleo tinham preços convidativos, o que pressionava os custos e, consequentemente, os preços no mercado interno.
As constatações estatísticas não passaram despercebidas aos consumidores. O representante de vendas Sergio Motoryn, 52 anos, diz que seu gasto com alimentos aumentou quase 10% ao longo de 2008. “Não tenho muito tempo para pesquisar, mas procuro aproveitar as ofertas”, informa.
A auxiliar de enfermagem Aparecida Circe, 43 anos, também é adepta das promoções e das ofertas de fim de semana. Segundo ela, a parcela do orçamento comprometido com o item alimentação foi de 10% para 15% de sua renda. “Notei aumentos principalmente no arroz e nos frios, como mortadela e presunto”, diz.
A funcionária pública Dalva Freitas não tem o mínimo pudor em pechinchar. Ela conta que costuma dirigir-se aos supermercados com folhetos de preços da concorrência e, caso encontre preços mais elevados, não titubeia em pedir desconto.
“Mesmo assim, eu gastava cerca de 35% da minha renda com alimentos. Atualmente, as despesas levam 40%, informa ela.
O aposentado Atílio Carrano, 72 anos, acredita que os aumentos tenham sido generalizados.
Quando possível, afirma, compra a alternativa mais barata entre as opções e aproveita as promoções. “Mesmo assim, não noto diferença de preços entre os mercados.”
Veículo: Jornal da Tarde