O Dia dos Namorados, a terceira melhor data para os comerciantes do país — perdendo apenas para o Natal e o Dia das Mães —, promete aquecer as vendas e dar um empurrãozinho na economia brasileira. Com consumo estagnado, o primeiro trimestre do ano fechou com crescimento de apenas 0,6% na comparação com o quarto trimestre de 2012, abaixo do esperado e com desempenho ruim da indústria e do consumo das famílias e do governo. A desaceleração da economia já deixa os comerciantes receosos. Segundo o presidente do Conselho Empresarial de Comércio de Bens e Serviços da ACRJ, Aldo Carlos de Moura Gonçalves, os varejistas estão fazendo promoções para a data e facilitando as condições de pagamento para evitar prejuízos.
— São vários os fatores negativos: o PIB fraco, déficit comercial e o pior, a inflação persistente. Tudo colabora para um consumo mais baixo — diz Aldo. — No Rio, apesar do bom momento por conta dos grandes eventos, as lojas estão fazendo kits promocionais e facilitando as formas de pagamento. Sentimos uma certa diminuição do consumo. Não é alarmante, mas já estamos com sinal amarelo ligado.
Cerca de 54% dos empresários do comércio apostam no crescimento das vendas no Dia dos Namorados, mas segundo o Serasa Experian, a expectativa ficou no mesmo patamar verificado no Dia das Mães e na Páscoa de 2008, o que indica que houve certa deterioração das expectativas do setor diante da economia derrapante de 2013.
Para Alex Agostini, economista-chefe da consultoria Austin Ratings, no geral, a previsão é de que as vendas se mantenham aquecidas, em termos de volume, mas os consumidores não estão dispostos a tirar a mão do bolso.
— É possível que o maior impacto seja no preço médio dos presentes que provavelmente será menor em relação a 2012 — analisa.
Quem aposta alto é o segmento eletrônico, que espera movimentar R$ 1 bilhão com a data, aponta o e-Bit. Apesar da desaceleração na economia, o valor é 25% maior se comparado com o mesmo período de 2012, quando os ganhos chegaram a R$ 784 milhões.
— Estamos percebendo uma aceleração na competitividade das grandes lojas virtuais nas últimas semanas, que estão ampliando descontos e vantagens ao consumidor, como o frete grátis — explica o diretor geral da E-bit, Pedro Guasti.
Amantes também serão presenteados
E quais são os presentes “objetos de desejo” em 2013? Pesquisa da consultoria Officina Sophia Retail aponta as roupas e outros acessórios na preferência dos consumidores com 28% das intenções de compra, seguido de perto por eletroeletrônicos (25%) e perfumes (20%). Mas neste Dia dos namorados, quem sai ganhando são os amantes: dos mais de 1.600 entrevistados, cerca de 8% afirmaram que vão comprar presentes para o parceiro, ou parceira, oficial e para o amante.
Quando o tema é valor do presente, 29% dos homens afirmaram que vão gastar acima de R$ 200 com o presente e 17% das mulheres gastarão acima desse valor. Entre casados e solteiros, os casados serão mais mão aberta: 27% gastarão acima de R$ 200 e somente 17% dos solteiros afirmaram que vão ultrapassar esse valor. O gasto médio deve variar de acordo com a classe social: A (R$ 157,22); B (R$ 127,31); e C (R$ 110,59).
— O que a gente percebe é que estes valores ficaram em linha com o ano passado por conta da economia mais fraca. As pessoas não querem deixar de dar o presente, mas também não podem investir tanto mais quanto poderiam ejm outras ocasiões — diz Valéria Rodrigues, presidente da Officina Sophia Retail. — Também vale dizer que a data vem na sequência do Dia das Mães.
Veículo: O Globo - RJ