E as etiquetas estão de volta...

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Mencionei outro dia as nuvens cinzentas que começam a surgir no horizonte do Brasil. Não sou e nunca foi catastrofista. Ao contrário, busco ser sempre otimista – dentro da realidade. Começo, porém, a considerar a possibilidade de as chamadas classes políticas e governantes perderem o controle e direcionarem o País para uma situação de desconforto social.

Vimos o que aconteceu recentemente quando alguém “genial” mexeu com a questão das bolsas famílias, com as quais o governo petista seduziu o eleitorado pobre para manter-se no poder. Inventaram uma movimentação até agora mal explicada, que deixou evidente como as massas reagirão ao menor sinal de ameaça à esmola que se acostumou a receber sem precisar trabalhar e sem contrapartida.

A questão da violência – urbana, no campo e agora também indígena – além de sua presença natural, está de algum modo sendo orquestrada para deixar a população amedrontada e refém de discursos políticos eleitoreiros de salvadores da pátria sempre vigilantes para levar vantagem. Ou alguém acredita que índios de diferentes etnias e em pontos distantes do País se rebelaram espontaneamente nas mesmas oportunidades?

Em São Paulo, particularmente, onde o interesse petista em chegar ao poder é até doentio, exacerbado, a questão da violência existente é também destacada para servir de massa de manobra para os mesmos salvadores da pátria que, se não ajudam de alguma forma a expandir a violência, também não mexem um dedo para contribuir no sentido de reprimi-la e inibi-la.

Cito esses exemplos sabendo que poderia escrever dias seguidos a respeito do porquê estou ficando efetivamente preocupado com o rumo para qual o governo petista está levando o Brasil. Já desvirtuaram a questão dos valores, da moral pública, da ética, do respeito às leis, da má gestão pública, da corrupção e outros descaminhos.

Agora, todavia, a coisa começa a ficar mesmo feia.

Ouvia-se aqui e ali gente de todas as camadas sociais – tirando os que têm quem vá por eles – dizendo que os preços nos supermercados e centros de compra estavam aumentando de forma não compatível com a estabilidade alcançada à duras penas a partir do Plano Real (criado por Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, mas que beneficiou a ascensão de Lula e pôde permitir-lhe expandir as bolsas que viraram esmolas em alta escala), que  livrou o Brasil (com o PT tendo sido contra o plano em seu lançamento) do monstro da inflação.

A incapacidade gerencial do governo petista da presidente Dilma e seu inconsequente (e vaidoso) ministro da Fazenda, Guido Mantega, vai acabar levando também a população a se rebelar. A questão parece ser agora só de tempo.

Quem faz compras nos supermercados e quitandas pode levar o mesmo susto que levei no último fim de semana: as antigas etiquetas voltaram. De forma discreta ainda, elas são o símbolo do mal que prejudicou o crescimento do Brasil e a qualidade de vida de sua população em todo o século vinte, de forma mais acentuada nas décadas de 70,80 e 90, ate o Plano Real em 1994.

As etiquetas estão de volta, com preços colados nos produtos e não nas prateleiras, nas gôndolas e, para quem já viveu situação assim, são berrantes declarações de que aquele produto pode aumentar a qualquer momento colando-se outra etiqueta por cima.

Deus do céu! Se antes não havia evidência física, a não ser a dor no bolso, de que o dragão da inflação, derrotado pelos tucanos em 1994, estava se levantando do túmulo, agora o fato ficou escancarado.

Socorro! As etiquetas voltaram, enquanto Dilma e Mantega seguem cantando o Brasil que só existe para eles e para os cumpanheiros de poder e caminhamos, sem ser negativista, para uma zona de perigo que só se agrava a cada dia.

Isso tudo não precisaria nem deveria estar na agenda do País. A grande era Lula poderia ter acabado em 2010. Mas querem mais em 2014. Quanta ameaça paira sobre o Brasil...

E as etiquetas voltaram sob a gestão petista. Será a toa que as manchetes de jornais do domingo diziam que a aprovação de Dilma caiu pela primeira vez ?


Paulo Saab é jornalista e escritor



Veículo: Diário do Comércio - SP


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