Mercado bom‘pra cachorro’...

Leia em 5min

Produtos para cães e gatos movimentaram R$ 14,2 bilhões, no ano passado. Brasil já é o segundo maior mercado mundial, perdendo apenas para os EUA

Com uma população de pets estimada em39 milhões de cachorros e 10milhões de gatos, não é de se estranhar que esse mercado tenha movimentado R$ 14,2 bilhões no Brasil no ano passado, quando a população de animais domésticos cresceu4%, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet).

O Brasil já é o segundo maior mercado mundial de produtos da categoria, atrás apenas dos Estados Unidos. Com isso as indústrias de rações traçam novas estratégias para abocanhar novos consumidores e trazer os adeptos de concorrentes.

“Já há uma grande população de cães e gatos no país e as pessoas, com o aumento do poder aquisitivo, podem alimentar seus animais com rações melhores. Além disso,mais visitas aos veterinários contribuem para a maior penetração das rações, pois os donos dos animais são doutrinados por esses profissionais de que elas são a melhor opção para alimentar seu animal”, explica Sandro Cimatti, diretor da CVA Solutions, responsável pela pesquisa “PetCar e Cães e Gatos”,que traça um perfil do mercado de rações, com dados da penetração das marcas.

O estudo apontou que Pedigree e Whiskas, ambas fabricadas pela multinacional Mars, são as marcas mais fortes em se tratando de comida para cães e gatos. Entretanto, Equilíbrio, para cachorros, e PremieR Pet, para gatos, são as mais bem avaliadas na percepção do consumidor.

Cimatti explica que a diferença está na estratégia de cada fabricante. Segundo ele, os produtos considerados premium, como os da PremieR Pet, dependem muito da recomendação dos veterinários, pois as propagandas são discretas e os artigos são vendidos apenas em pet shops e clínicas veterinárias. Por isso, são melhor avaliadas pelos consumidores, embora suas marcas não sejam tão conhecidas pelo público em geral.

De acordo com Madalena Spinazzola, gerente de planejamento estratégico e marketing corporativo da PremieR Pet, para 2013, a empresa vai manter o seu diferencial, que é promover campanhas e atividades diferenciadas nos pontos de venda. “Consideramos que o mais importante é crescer sempre de maneira sólida,manter o foco no cliente e na inovação”, diz.

Já na segunda categoria, que engloba marcas intermediárias, como Pedigree (Mars), os preços são menores, mas o valor de suas marcas é maior, pois elas estão mais próximas do consumidor, com propagandas em veículos de massa e maior capilaridade de pontos de venda, como as redes varejistas e mercados em geral.

“O terceiro grupo engloba as empresas que apostam no baixo preço e em estratégias de pontos de venda para impulsionar seus negócios”, diz Cimatti, acrescentando que o consumidor não associa as rações aos seus fabricantes. Pouca gente sabe, por exemplo, que a Purina, fabricante de rações como Alpo, Dog ChoweKanina, é uma divisão da Nestlé.

“Os fabricantes poderiam fortalecer mais a ligação da marca corporativa com a marca dos produtos, visando maior confiança do consumidor, como já ocorre com alimentos humanos. Isso poderia rentabilizar o esforço de comunicação”, completa.

Professor de gestão demarcas e marketing estratégico da ESPM, Marcos Bedendo alerta, entretanto, que foi opção da Nestlé não se associar diretamente à marca Purina, pormedo de possíveis associações negativas.

“A Nestlé é uma marca de alimentos humanos. Os consumidores poderiam questionar se percebessem a atuação no setor de alimentação animal. Faz sentido ela ter os dois itens em seu portfólio, por sinergia de produção e distribuição, mas o público não tem consciência disso”, ressalta. Segundo ele, o mesmo acontece coma Mars e suas rações.

Para Bedendo, a desvantagem é o não aproveitamento do peso construído pela marca Nestlé. “Ela possui tradição e é uma marca com credibilidade e confiança”, acrescenta.Procuradas, Nestlé e Mars não quiseram falar sobre sua atuação no mercado pet.

Megastore de pets se espalha pelo Brasil

Fundada pelo empresário Sérgio Zimmerman há onze anos, o Pet Center Marginal se firmou como um ponto de encontro de paulistanos, que ali compravam ração, levavam seu bicho de estimação ao veterinário e para banho e tosa. Mas a megastore, batizada com o nome da via onde está a primeira loja, a Marginal Tietê,vem passando por uma rápida expansão: nos últimos dois anos a bandeira foi se espalhando por novos endereços em São Paulo, Santos, Brasília e Rio, atingindo em onze cidades. Só no ano passado foram investidos R$ 14 milhões em novas lojas.

Em2012, eles inauguraram ainda um centro de distribuição na Rodovia Anhanguera, com capacidade para atender até cinquenta lojas, e um hospital veterinário que funciona 24 horas e é equipado com centro cirúrgico, raio-x digital, ultrassom comdoppler e colocação de próteses, na Avenida Pacaembu, no bairro nobre de São Paulo. Ali, o dono tema opção de acompanhar a recuperação do pet em quarto com TV e frigobar.

 A meta é terminar o ano com 25 pontos de venda, o que inclui um segundo endereço no estado do Rio, em Niterói. Cada nova loja demanda investimento de entre R$ 2 a 3 milhões, feito com capital próprio. Nos entre mil e três mil metros quadrados estão reunidos até 20 mil produtos, que vão de roupas, acessórios, brinquedos e alimentos até itens mais luxuosos, como água especial e comida congelada. A venda de rações para cães e gatos responde por 60% das vendas, que devem superar a marca de R$ 150 milhões neste ano, crescimento de 30%em relação ao ano anterior, segundo o responsável pelo marketing, Hélio Freddi Filho. Em média, passam pelas lojas do grupo 400 mil visitantes ao mês. Uma das estratégias para fazer com que o cliente sempre volte é o Vale a Pena ser Fiel, cartão de fidelidade que já conta com 200 mil associados. Com quatro cachorros, alguns gatos e muitos milhões de reais, Zimmerman está sorrindo à toa.



Veículo: Brasil Econômico


Veja também

Definidos ajustes de financiamento da safra

Brasília - O Conselho Monetário Nacional (CNM) aprovou, em reunião extraordinária ontem, um ...

Veja mais
Limpador CIF

A Unilever, mega multinacional, deu um pulo na frente da concorrência com uma ação divina. Lan&ccedi...

Veja mais
Governo estuda regras que podem reduzir custo do varejo com cartões

BC ganhou poderes com MP para acompanhar empresas do segmentos que não são instituições fina...

Veja mais
ONU anuncia incentivo para plantações de mandioca

Século da mandiocaONU anuncia que incentivar plantações de mandioca pode garantir a uma das princip...

Veja mais
Cresce gasto com produtos de limpeza

Por Adriana Meyge | De São PauloToda indústria de bens de consumo sofre com a inflação, mas ...

Veja mais
Demanda chinesa por leite agita mercado

Por Amie Tsang e Louise Lucas | Financial TimesRacionamento na Europa. Investigações sobre tráfico ...

Veja mais
Bionovis define fábrica e tem aval para biológicos

Por Mônica Scaramuzzo | De São PauloA Bionovis, superfarmacêutica nacional criada para produzir e des...

Veja mais
MWV Rigesa vende fábrica na Bahia e revê negócios no país

Por Stella Fontes | De São PauloA MWV Rigesa, segunda maior produtora brasileira de embalagens de papelão ...

Veja mais
Dilma vê riscos em acordos bilaterais de comércio

Por Fernando Exman | De BrasíliaA presidente Dilma Rousseff alertou ontem para os riscos de o Brasil buscar acord...

Veja mais