Por Stella Fontes | De São Paulo
A MWV Rigesa, segunda maior produtora brasileira de embalagens de papelão ondulado, reestruturou suas operações com vistas a permanecer em rota de crescimento. Ao mesmo tempo em que se desfez de uma fábrica na Bahia, mercado que não proveria o suporte econômico adequado a seu planejamento estratégico, a unidade brasileira do grupo americano MeadWestvaco reafirmou os planos de ampliar em 50% o volume de embalagens produzidas no país nos próximos cinco anos.
Ontem, a MWV Rigesa anunciou a venda da unidade de conversão de papelão em Feira de Santana (BA) para o grupo brasileiro Penha. O valor do negócio, que será submetido ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), não foi revelado.
O grupo Penha, que se apresenta como um dos cinco maiores fabricantes de papelão ondulado do Brasil - a líder é a Klabin -, tem capacidade de produção mensal de 15 mil toneladas de embalagens e conta com sete unidades nos Estados de São Paulo, Paraná e Bahia. Fundado há 52 anos, pertence à família Funabashi e se prepara, a partir da aquisição do ativo da Rigesa, para ampliar presença no mercado nordestino.
Em entrevista ao Valor, o presidente da MWV Rigesa e vice-presidente sênior da MWV, Robert Beckler, explicou que a unidade de conversão da Bahia "não estava performando em linha com a estratégia" da corporação e sua venda não implica a alteração das metas de crescimento no Brasil.
"Essa reestruturação tem por objetivo realinhar nossos recursos, mas temos interesse em todo o país", ressaltou o executivo, que é também responsável pelas demais operações do grupo na América Latina. "Vamos aumentar em 50% o volume produzido de embalagens nos próximos cinco anos", afirmou.
Nos últimos três anos, a MWV Rigesa investiu mais de R$ 1 bilhão no Brasil, sobretudo na ampliação da capacidade de produção de papel kraft na fábrica de Três Barras (SC). Além disso, inaugurou uma nova unidade de papelão, em Araçatuba (SP).
Conforme Beckler, a fábrica vendida para o Penha corresponde a menos de 10% da capacidade instalada da MWV Rigesa em papelão ondulado. "A venda não altera nossa capacidade global e ainda temos muito espaço para crescer nas outras unidades." Com os aportes já executados na produção própria de papel, a MWV Rigesa, segundo ele, "está preparada para a próxima década de crescimento".
Para o grupo Penha, segundo seu diretor-presidente, Carlos Edson Shiguematsu, a fábrica de Feira de Santana consolida os investimentos realizados até 2012 naquela região. "Entramos no mercado da Bahia a partir de um investimento em papel reciclado em 2005", contou o executivo. "Até o fim do ano passado, nosso foco estava na qualidade do papel. Agora, surgiu a oportunidade de comprar outra unidade", acrescentou. O grupo já podia produzir 1,8 mil toneladas por mês de embalagens em uma fábrica em Santo Amaro - no próximo ano, já considerando a unidade comprada da Rigesa, poderá produzir até 5 mil toneladas por mês de embalagens na Bahia. Conforme Shiguematsu, o grupo não divulga seu faturamento.
"No geral, a estratégia é crescer", reiterou Beckler, da MWV. No país, o grupo americano está presente ainda por meio da MWV Home, Health & Beauty, que produz válvulas, sprays e dispensadores plásticos e receberá novos investimentos nos próximos três anos; a MWV Specialty Chemicals, produtora de especialidades químicas que recebeu aportes de aproximadamente R$ 40 milhões; e a MWV Beverage, de sistemas de embalagens para bebidas e produtos lácteos.
Veículo: Valor Econômico