bruna kfouri
SÃO PAULO
O avanço de 2,4% no faturamento do mercado brasileiro de moda íntima no último ano e a perspectiva de expansão de 7% para este ano vêm estimulando empresas do setor a investir. No último ano, o mercado de lingerie, pijamas, meias e moda praia movimentou R$ 11,8 milhões, ante R$ 11,5 milhões computados em 2011. E para este ano a estimativa é de que esse valor atinja R$ 12,6 milhões, de acordo com dados divulgados pelo Instituto de Estatística e Marketing Industrial (Iemi).
A provável expansão está baseada no aumento da demanda interna, especialmente com o crescimento da classe C, juntamente com a valorização do dólar, que ajuda a barrar a entrada dos produtos importados adquiridos pelo varejo, amenizando a concorrência interna. "O vestuário é um bem de consumo semidurável e a classe C não tem um estoque de roupa, mas precisa se vestir por isso, o consumo dessas peças é muito rápido, assim como sua reposição. Dessa forma, a demanda permanece", explica o diretor do Iemi, Marcelo Prado. Para o especialista, o crescimento das vendas no setor de moda íntima deve ser alavancado pelos itens do segmento de fitness (roupas esportivas) e lingerie.
Conforme dados do Iemi, o segmento de lingerie movimentou R$ 5 milhões no ano passado, enquanto a moda praia somou R$ 4,4 milhões. Todavia, o melhor resultado partiu do segmento de meias, cujo consumo somou R$ 2,3 milhões apontando um crescimento de 4,3% em relação ao mesmo período de 2011. Segundo o presidente do Sindicato das Indústrias Têxteis do Estado de São Paulo (Sinditêxtil-SP), Alfredo Bonduki, o segmento esportivo é muito forte no Brasil e os eventos que o País sediará nos próximos anos favorecem a comercialização desse item.
"O consumo de meia esportiva cresce muito nesse período, além disso, essa área utiliza matérias-primas produzidas no Brasil como algodão e nylon, onde nosso País é autossuficiente", afirma Bonduki. De acordo com o executivo, as fabricantes nacionais estão investindo pesado na área de acabamento e tingimento para tornar suas meias cada vez mais atraentes. Na pesquisa inédita realizada pelo Iemi, o segmento de meias foi o único que obteve resultados positivos em todos os aspectos analisados.
Investimentos
De olho nesse crescimento, fabricantes nacionais como Plié, 2 Rios e Universe começaram a investir na produção de itens diferenciados. O fato de exportar seus produtos e participar de feiras no exterior ajudaram a 2 Rios a perceber em que áreas as marcas estrangeiras estavam investindo, segundo o vice-presidente da empresa, Matheus Fagundes,
"Se não tivéssemos nos preparado lá trás, hoje não teríamos possibilidade de competir com as asiáticas", enfatiza Fagundes. Com sede em Joinville, a fabricante investe na produção de sutiãs com rendas e cores diferentes para se sobressair. Além disso, a marca comercializa um sutiã que aumenta em até dois números o volume dos seios. A 2 Rios investe cerca de 5% do seu faturamento anual em pesquisas, apostando em inovação e tecnologia. Segundo Fagundes, o faturamento da companhia deve crescer 10% nesse ano, enquanto a produção aumentará 5%.
Ja a paulista Plié aposta em nichos. Por isso, comercializa uma linha especial para as mulheres que estão amamentando. Segundo a gerente de marketing, Elemar de Souza Cruz, esse mercado está em pleno crescimento, mas só começou a ser explorado há cinco anos. "Percebemos que existe uma demanda grande no segmento de sutiãs especiais."
De acordo com a executiva, a procura por lingeries mais funcionais (que modelam o corpo) também cresceu. "Agora as mulheres estão inseridas no mercado de trabalho, por isso, elas procuram utilizar itens que as possibilitem de cumprir com todos os seus compromissos com conforto", ressalta. Além disso, segundo a gerente de marketing, os investimentos realizados pelos fabricantes do setor cada vez mais agradáveis esteticamente, também contribuíram para o aumento do interesse das mulheres.
Pensando também nesse nicho, a Universe lançou uma linha especial de acessórios para realçar o corpo das brasileiras. Batizada de Underforms, a linha conta com sutiãs hipoalergênicos. Segundo o diretor de marketing da empresa, Marcelo Schmiliver, a companhia espera aumentar em 20% o faturamento nesse ano.
Apesar da expansão de 2,4%, o índice, porém, ficou abaixo da taxa contabilizada nos últimos anos, quando o segmento de moda íntima vinha crescendo 4,2%. A produção também apresentou resultados negativos, amargando uma queda de 1,9%.
Veículo: DCI