Paula de Paula
SÃO PAULO
Os fracos resultados da economia brasileira em 2012 já atingiram o número de empresas francesas que se interessam pelo País. Segundo dados Câmara de Comércio França-Brasil (CCFB) entre janeiro e maio do ano passado o número de empresas da nação europeia que procuraram a entidade foi de 290, e passou para 246 no mesmo período de 2013.
No último ano o Brasil registrou déficit comercial de US$ 1,8 bilhão com o país europeu. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (MDIC) este ano, até maio, o País já tinha saldo negativo de US$ 1,2 bilhão.
Em entrevista ao jornal DCI a diretora da CCFB, Sueli Lartigue, "o ano passado foi muito bom porque na França estava se falando muito bem do Brasil, era o El Dourado, então a mídia ajuda bastante. Nós tivemos um número alto de empresas que procuraram o Brasil, a câmara recebeu 503 solicitações de empresas francesas". Já neste ano de 2013 houve uma diminuição no número de interessados no País, "infelizmente esse crescimento mínimo do PIB [Produto Interno Bruto] que nós tivemos o ano passado acaba fazendo as pessoas repensarem em termos de investimentos e o Brasil sendo foco".
Um outro fator que pode ter diminuído o fluxo de companhias francesas interessadas no País, segundo Sueli, é uma série de facilidades concedidas por outras nações a companhias francesas. "A gente acabou perdendo mercado para outros países", ela cita o México, a Colômbia e países africanos como exemplo dos que concederam incentivos para os atrair investimentos franceses.
Na opinião de Sueli a principal dificuldade que os empresários franceses encontram ao entrar no País é o chamado custo Brasil. "Tem muita empresas que tem um produto e que teria um mercado, ele vem em uma missão que normalmente a gente faz de uma semana para encontrar parceiros mas ele percebe que vai ser muito difícil para ele, não que vai ser impossível. Ele tem a certeza de que pode fazer negócios mas os impostos que nós temos em cascata infelizmente acaba fazendo as empresas repensarem", disse.
A especialista sugere que a melhor forma de entrar no Brasil é através de parceria com empresas nacionais que já estão bem estabelecidas no território. "As empresas que mais obtém sucesso são as que vem para fazer uma parceria com uma empresa brasileira, com alguém que já esteja no mercado", disse.
Ela comentou que um ponto que já está melhor, dentre todas as outras dificuldades, é que o tempo para se abrir uma empresa diminuiu. "O problema é quando ele [empresário estrangeiro] faz a conta e vê quanto vai custar para se implantar no País e em quanto tempo ele vai ter um retorno. As empresas sempre tem que pensar que vai ter que separar um orçamento para essa implantação inicial", completou.
As áreas destacadas pela especialista são infraestrutura, logística, alimentos, entre outros. De janeiro e maio deste ano a maioria das empresas que procuraram a entidade pertencia ao setor de Serviços, 32%. O segundo lugar foi ocupado pela indústria agroalimentar com 15%, mesma participação da indústria geral. O setor de tecnologia da informação foi um dos que registrou aumento de interesse no Brasil passando de 4%, entre janeiro e maio de 2012 para 9% no mesmo intervalo deste ano de 2013.
Semana Francesa
De 14 a 23 de junho ocorre em São Paulo e Minas Gerais a Semana Francesa que incluí atividades culturais, gastronômicas e artísticas para aproximar os brasileiros ao país europeu. Segundo a diretora da CCBF, organizadora do evento, a ideia da Semana surgiu por um pedido dos associados e o objetivo do evento é "promover essa vivência dos brasileiros que ainda não conhecem a França para conhecer um pouquinho".
Veículo: DCI