Flávia Milhassi
SÃO PAULO
Praticidade, sofisticação e modernidade são três adjetivos que devem estar presentes em uma operação de padaria. Muito mais que vender pães, esses espaços se tornaram butiques na visão do consumidor, e estratégias de marketing e visual merchandising ajudam ampliar as vendas.
Segundo Ricardo Brilhante, diretor da RB Comunicação Visual e Gráfica, o empresário que não se modernizar, tem poucas chances de sobreviver em um mercado tão competitivo. "A padaria que não evoluir vai fechar". Para o arquiteto, pequenas medidas fazem toda a diferença. "Nós consumidores comemos com os olhos, somos muito visuais. Ter fotos ilustrativas dos produtos faz parte de uma estratégia efetiva de marketing", disse o especialista.
O diretor da RB, responsável por projetos como o da Padaria Tranza, em São Bernardo do Campo, Nova São Bernardo - na mesma região; a Manhattan no Brooklin, entre outras, afirmou que a demanda por projetos nesse setor começou a crescer a partir de 2006, mas que ainda existem dificuldades para que os empresários invistam na reformulação do ponto de venda. "Os empresários gastam muito com maquinário e, por vezes, não sobra para investir na reforma", explicou ele ao DCI.
Brilhante explicou também que na RB existem projetos a partir de R$ 20 mil, mas tudo depende do tamanho das modificações e o que o empresário pretende ter em sua operação. "Com esse valor oferecemos um serviço bem básico com: logotipo da empresa, displays, tabela de preço entre outros itens", explicou.
O especialista afirmou que é fácil inserir as modernizações, uma vez que 90% dos seus clientes o procuram cientes do que querem em seu ponto de venda. "Eles visitam seus concorrentes e quando nos procuram já sabem exatamente o que querem", argumentou O retorno do investimento vem no incremento das vendas, que podem ser superiores a 20%. "É comprovado que a modernização pode aumentar as vendas de 20% a 30%", concluiu.
Para Eric Zompero arquiteto, designer e proprietário da QZA Soluções em Serviços de Alimentação não existe um padrão a ser seguido ao se reformular uma padaria, todas as modificações devem atender a demanda interna das operações e as necessidades dos consumidores. "As necessidades vão depender de cada cliente. Mas, acredito que hoje, o mais importante em qualquer estabelecimento, é garantir ao usuário um ambiente confortável e agradável, e ao funcionário condições ideais para que possa desenvolver suas atividades", disse o especialista.
Zompero reafirma o que foi argumentado de que a modernização se faz necessária. "Essa demanda maior é necessária, porque o investimento numa padaria é alto, e somente com um projeto profissional há mais chances do negócio prosperar", explicou.
Não investir de uma vez na diferenciação do negócio segundo Zompero, pode tornar os custos mais altos no futuro. "O projeto deve ser visto como um investimento, não como um "custo" a mais. Tenho vários clientes que não fizeram projeto e acabaram gastando 100 vezes mais que o custo do projeto inicial".
Diversificação
Muito mais que investir em fotos ilustrativas, carros adesivados com o logotipo da empresa e tecnologias dentro do ponto de venda, ampliar o portfólio vendido também se faz necessário. Apesar de o pão francês ter deixado de ser o foco principal das padarias, o produto agrega ganhos ao setor e apresenta faturamento superior a R$ 60 bilhões ao ano.
Mas ele não pode estar a sós em uma operação. Produtos de necessidade básica como itens de mercearia e refeições são indispensáveis aos empresários que querem aumentar seus lucros.
Antero José Pereira, presidente do Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria de São Paulo (Sindipan), afirmou anteriormente ao DCI que as vendas de mercearia no setor representam, em média, de 3% a 4% do faturamento do mercado. "Isso ainda é pequeno e pouco representativo, mas pode crescer", estima ele. Para o especialista no setor, não houve um incremento maior nesse segmento porque a padaria não é vista como um local em que as pessoas podem abastecer a sua despensa, mas como o lugar onde se faz a compra emergencial de produtos para casa. "A dona de casa costuma ir duas vezes ao mercado por mês. Já à padaria ela vai umas 17 vezes. Mesmo com a grande frequência, elas compram apenas itens emergenciais", finalizou José Pereira.
A inserção de restaurantes também se faz necessária, uma vez que as padarias representaram mais de 36,5% do faturamento de refeições fora do lar (food service). Dados de 2012 da Associação Brasileira de Panificação e Confeitaria (Abip) apontam que o índice desses serviços pode crescer mais, uma vez que são vendidos em média mais de 10 milhões de refeições diariamente nas padarias do País.
Veículo: DCI