Produtores e governo estadual começaram ontem reuniões com autoridades dos países do Mercosul para limitar as importações
Nestor Tipa Júnior
Em mais uma tentativa de limitar as importações brasileiras de arroz vindas dos países do Mercosul, uma delegação gaúcha, que reúne governo estadual e representantes dos produtores, começou ontem em Montevidéu uma série de reuniões para negociar cotas da entrada do produto em território brasileiro.
Segundo o presidente da comissão de arroz da Farsul, Francisco Schardong, que participa da comitiva, as reuniões serão apenas o início de uma negociação com os governos do Uruguai, Argentina e Paraguai para tentar montar um projeto de entrada do produto no Brasil. “A ideia é dar uma disciplina à estas importações. Nosso maior pedido é que não haja o envio de arroz no momento da nossa colheita, mas, sim, quando houver a necessidade de abastecer o mercado brasileiro”, argumenta Schardong. De acordo com o dirigente da Farsul, pelo menos 800 mil toneladas do produto entram anualmente com origem dos três países.
Para o analista de mercado Tiago Barata, um dos principais impactos que traz como consequência as importações de arroz do Mercosul, além da relação histórica de comércio com Uruguai e Argentina, é o represamento por parte dos produtores, que estão segurando o produto para vender com preços melhores no futuro, já que muitos fizeram o consórcio com a soja e estão comercializando a oleaginosa. “A competitividade também é um fator que estimula a importação. Não é o arroz dos demais países que é barato, mas, sim, o do Brasil que tem um custo de produção muito alto. O valor de produção é até US$ 500 a mais do que na Argentina e no Uruguai”, salienta Barata, que lembra também do crescimento da participação do Paraguai como um dos principais exportadores para as indústrias brasileiras nos últimos anos. “Hoje a participação do Paraguai chega a 47% na importação do arroz brasileiro”, completa.
No período de março a maio, conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o País importou 323,57 mil toneladas, uma leve alta de 2,3% em relação ao mesmo período de 2012, quando a importação foi de 316,38 mil toneladas. No entanto, o analista de mercado Carlos Cogo alerta para a queda brusca das exportações brasileiras do grão no mesmo período. Em 2012, entre março e maio, o País exportou 557,16 mil toneladas base casca, e este ano reduziu em 58,6%, com os embarques fechando em 230,69 mil toneladas. “Este produto acaba ficando no mercado interno. No final do ano isso vai gerar uma sobra e pode afetar o preço aos produtores”, avalia Cogo.
Veículo: Jornal do Comércio - RS