Mesmo não sendo o maior responsável pelo faturamento do franchising - posto pertencente ao varejo com as operações de fast food- o nicho de serviços tem despontado como o maior gerador de novas marcas e ideias e crescido significativamente sua rentabilidade no País. Tal expansão está alinhada com o cenário macroeconômico, no qual o setor de serviço teve participação de 68,5% no Produto Interno Bruto (PIB) de 2012, a maior desde 2000.
Prova disso são os dados apurados pela Associação Brasileira de Franchising (ABF), que identificou que os setores de turismo e hotelaria; limpeza e conservação; informática e eletrônicos por terem ampliado em dois dígitos o faturamento no ano passado.
A explicação é a ascensão da classe C, que de 2011 para cá conseguiu ampliar sua renda mensal e revertê-la para gastos com saúde, educação, beleza e viagens, entre outros serviços que anteriormente eram considerados "luxo supérfluo". Segundo Paulo Cesar Mauro, presidente da Global Franchise- empresa especializada no desenvolvimento de canais de distribuição ao setor que trouxe ao País 40 novas marcas, a maioria estrangeiras - o nicho de alimentação fora do lar ainda é o campeão no setor de franquias, mas já passa a disputar a atenção com empresas que oferecem serviços de lavanderia e costura, beleza e saúde, entre outros.
"O mais forte ainda é o setor de alimentação, em especial o de fast food, pois dá uma opção rápida e barata ao consumidor. O segmento de serviços cresce, pois o consumidor emergente começam a ter acesso às empresas".
A opinião é compartilhada pela diretora geral do Grupo Bittencourt (especializada na expansão de redes de franquias), Cláudia Bittencourt. A executiva disse que, o franchising tem sido disseminado pela demanda do consumo, em especial das classes C e D e do número crescente de mulheres no mercado de trabalho. "A classe C motiva, ela é uma parcela da população que passou a consumir produtos antes supérfluo. Ela ajuda a impulsionar o tíquete médio das empresas que atuam no setor", argumentou Claudia.
Ainda segundo a executiva, essa demanda, que antes era reprimida, fez com que os empresários do varejo e de serviços ficassem mais próximos ao consumidor. "Hoje eles conseguem encontrar um lugar para fazer a unha e limpeza de pele com mais facilidade. Todas são operações que essa população passou a procurar mais", disse a executiva.
Investidores
Foi para aproveitar a preocupação maior com a aparência que a Viva Spa Tecnológico lançou a marca ao setor de franchising este ano. Danny Kabiljo, sócio-diretor da empresa afirmou ao DCI que, a ideia de montar uma operação de spa, em especial para a população da Classe C e D, surgiu para preencher uma lacuna do setor de estética. "No País temos duas operações: as clínicas e hospitais para procedimentos estéticos e os spas. Ao criarmos o Viva Spa, unimos a alta tecnologia dos hospital ao conceito de relaxamento dos spas", disse.
O executivo afirmou também que além de uma estrutura diferenciada, tem a iniciativa de promover a democratização da estética entre as classes emergentes. "Identificamos que não existiam operações voltadas a esse público. Além disso, estamos falando de uma parcela da população, que segundo pesquisa, já tem sobra mensal de R$ 300. Eles revertem esse valor em cuidados pessoais", argumentou ele.
A ideia deu tão certo que a Viva Spa pretende ter de 15 a 20 operações, entre franquias e próprias, até o final do ano. O chamariz para essa classe emergente está no preço ofertado. Os tratamentos faciais e de fototerapia custam R$ 65, os corporais R$ 75. Mas a operação também oferece pacotes que saem um pouco mais em conta. "Conseguimos fazer um preço melhor quando se fecha um pacote de serviços", disse Kabiljo ao DCI.
Quem também usa o preço para atrair clientela é a rede Não+Pelô, especializada em fotodelipação. Lançada em 2007, a marca também nasceu com a intenção de democratizar o acesso ao serviço, conforme afirmou Thais Ramos, diretora de operações em São Paulo. "Queremos democratizar o acesso a depilação duradoura à classe C. Antes da N+P, o serviço de depilação duradoura era usual apenas nas classes mais abastadas por conta dos altos custos do tratamento. Idealizadora do conceito de preço único, a N+P deu acesso à classe C o benefício da depilação através da fotodepilação", disse. A iniciativa bem sucedida, rendeu a marca 12 unidades próprias e 355 franquias, faturamento de R$ 120 milhões em 2012, crescimento de 20% em relação ao ano anterior e perspectiva positiva para esse ano. "O mercado de beleza deve crescer 14% nos próximos anos, segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosmético (ABHIPEC), e nós pretendemos acompanhar tal crescimento e chegar a meta de 20%", enfatizou Thais.
O consenso entre os executivos das duas operações é só um: a demanda da classe C e D é importante e que, ao que tudo indica, ainda será fundamental para a expansão das marcas.
Veículo: DCI