Na China, Nestlé e Danone cortam preço de leite em pó

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Fabricantes de leite em pó para bebês como a Nestlé vão reduzir seus preços na China em até 20%, em resposta à preocupação das autoridades reguladoras em tornar o produto mais acessível. O mercado de fórmulas infantis (os leites especiais para bebês) movimenta US$ 14,5 bilhões e vem crescendo em ritmo acelerado.

A decisão das indústrias sobre os preços acontece após uma investigação das autoridades sobre um possível comportamento anticompetitivo no mercado de leite em pó para recém-nascidos. As vendas do produto pelas multinacionais estão muito aquecidas na China, onde os pais continuam suspeitando dos fabricantes locais, após uma série de escândalos envolvendo contaminação de leite.

Essa reação resultou em vendas maiores na China para fabricantes como a Wyeth Nutrition, controlada pela suíça Nestlé, e para a francesa Danone.

O frenesi subsequente se espalhou pelo globo, desencadeando um racionamento no Reino Unido e na Austrália, e a imposição de sentenças de prisão para aqueles pegos contrabandeando leite em pó para fora do país a partir de Hong Kong.

A notícia sobre a investigação, pela Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (CNDR), encarregada de fiscalizar algumas cláusulas da lei antitruste chinesa de 2008, provocou uma queda de 8%, para US$ 68,85, no preço da ação da Mead Johnson Nutrition em Nova York anteontem.

A Nestlé informou que, após a investigação, a Wyeth "avaliou suas práticas de preços e decidiu melhorar certas vendas e práticas de comercialização (...) para atender as preocupações da CNDR com o acesso do consumidor chinês às fórmulas infantis".

A Wyeth também prometeu não aumentar os preços de novos produtos no próximo ano. As reduções de preço, que ficarão em média em 11%, passam a valer na segunda-feira e irão até 2014.

A Danone informou que sua unidade Dumex vem cooperando com a comissão e está preparando uma proposta de corte nos preços.

Não é a primeira vez que as multinacionais se dobram às vontades do governo chinês em relação aos preços. Em 2011, o grupo anglo-holandês de bens de consumo Unilever cedeu às pressões e adiou aumentos que planejava para os preços de produtos alimentícios.

As autoridades chinesas rotineiramente forçam as empresas estatais locais a colocar o interesse público à frente das preocupações comerciais, mas a decisão da Unilever enfatiza um novo risco regulador ao mostrar que as grandes multinacionais estrangeiras não estão imunes a essas pressões.

Esta semana, o site do "Diário do Povo", o jornal oficial do Partido Comunista, citou um analista dizendo que embora a nova investigação possa resultar em leite mais barato para os consumidores, ela não vai necessariamente ajudar os produtores locais - que estão tendo dificuldades -, uma vez que eles vão perder a vantagem que têm nos preços.

Alex Howson, analista da Jefferies em Londres, disse: "O que está claro é que as autoridades chinesas estão mais sérias nas restrições aos aumentos de preços significativos que vinham ocorrendo dentro do setor - e também ao permitirem aos concorrentes locais participarem mais da categoria."



Veículo: Valor Econômico


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