Produtor recebeu mais pelo leite em 2008

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O aumento de R$ 0,02 no preço médio do leite registrado em 2008 não foi suficiente para incentivar o setor produtivo. Segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o preço pago ao produtor foi de R$ 0,7001 por litro, sem descontos, na média ponderada nacional (RS, SC, PR, SP, MG, GO e BA) em 12 pagamentos, referentes às produções de dezembro de 2007 a novembro de 2008. O valor representa aumento de 1,93% em relação ao de 2007, R$ 0,6869 por litro.

 

De acordo com o Cepea, apesar da sequência de quedas registrada a partir de julho, as altas do primeiro semestre garantiram aos produtores o maior preço anual, em termos reais, desde julho de 1994. Em dólares, o preço médio também foi recorde, de US$ 0,3844/litro, aumento de 16,18% frente aos US$ 0,3308/litro do ano anterior. Até 2006, os valores médios anuais não passavam de US$ 0,25/litro.

 

Apesar do resultado, os produtores continuam descontentes. Segundo o presidente da Associação de Criadores de Girolando da Bahia, José Geraldo Vaz, em julho de 2004 o produtor recebia US$ 0,65 por litro e os insumos eram mais baratos. "A tonelada de fertilizante era R$ 200, hoje é R$ 1,6 mil. O adubo fosfatado era R$ 140, e agora, R$ 1,2 mil". Vaz conta que quando o pecuarista recebeu estímulo em 2007 houve forte aumento de produção. "Há uma estocagem muito grande de leite em pó no País, cerca de 1,5 milhão de toneladas", calcula. Para ele, uma solução seria a aquisição, por parte do governo, para destinar o produto para merenda escolar, medida que não entrou no pacote já em vigor este mês.

 

Só a Bahia produz entre 600 mil e 700 mil litros de leite por dia, para um consumo de 1,5 milhão de litros diários, déficit da metade do consumo. "Com preço baixo, ninguém se estimula". O levantamento do Cepea aponta que de julho a novembro, as cotações do leite ao produtor recuaram 21%. Quanto aos custos, o Cepea e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) revelam que, no período, em Minas Gerais, os custos subiram cerca de 2%, enquanto o preço médio caiu 18%. A situação é pior no Rio Grande do Sul, onde os preços recuaram 20,5% e os custos aumentaram 3,16%.

 

Aliada à crise no setor, a atual crise financeira mundial deve acentuar a queda na produção de leite no Brasil. Segundo José Geraldo Vaz, o pecuarista de leite está descapitalizado. "O produtor para de investir por falta de dinheiro". De acordo com Vaz, um financiamento bancário é muito difícil para os investidores da cadeia. "O banco atende mal e cobra caro quando disponibiliza o recurso", reclama. Problema em parte amenizado pela Linha de Crédito Especial (Lec) de R$ 15 milhões por indústria criada pelo governo para a estocagem.

 

De acordo com dados do Cepea, o preço médio recebido pelo produtor em dezembro foi de R$ 0,56 por litro. Analises de mercado apontam para uma tendência de estabilização dessa cotação. A média da Bahia, estado de Vaz, segue a nacional. No sul do estado, o produtor recebe R$ 0,60 por litro, mas no Centro-Sul o valor é R$ 0,51.

 

O pecuarista José Geraldo conta que na Bahia os problemas são graves para a cadeia leiteira, já que há poucas empresas para comprar o produto, devido a pequena produção. "Para produzir 2 mil litros é preciso investir R$ 2 milhões, já tendo a propriedade rural. Nenhum empresário tira R$ 2 milhões do setor financeiro para aplicar no setor produtivo para ganhar centavos por litro".

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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