Relação entre oferta e demanda no Mercosul deve sustentar preços

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Se houver crescimento da produção brasileira de arroz, não será maior que 1%, prevê a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Somadas ao baixíssimo estoque de passagem do cereal - inferior a um milhão de toneladas, quantidade que não daria para abastecer o mercado interno nem por um mês -, as 12,1 milhões de toneladas estimadas não serão suficientes para atender à demanda interna. E o Brasil vai ter que importar mais arroz que o previsto, pelo menos 100 mil toneladas a mais.

 

Já nos vizinhos produtores, Uruguai e Argentina, o volume estocado é o maior dos últimos 15 anos - 200 mil e 300 mil toneladas, quatro e três vezes superior às médias históricas, respectivamente -, calcula o setor. Apesar das constantes investidas para despejar esse excedente no mercado brasileiro, o fluxo de arroz de lá para cá caiu 39% em 2008 na comparação com 2007, apontam os dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

 

Em 2008, as exportações de arroz do Uruguai para o Brasil sofreram um baque por causa da alta do dólar, lembra o diretor de Mercados da Federarroz, Marco Aurélio Tavares. Com preços mais baixos no Brasil, houve preferência por destinos como a União Européia.

 

O volume que enche os estoques latinos pode ser necessário para compensar as já consumadas quebras de safra nos dois países em virtude da seca. A estiagem que assola a parte debaixo do continente já havia decretado uma redução de 15% da área plantada no Uruguai, que ficou em apenas 160 mil hectares, e agora castiga as lavouras já semeadas lá e na Argentina.

 

Enquanto isso, em terras gaúchas os rizicultores agradecem o sol que incide sem cessar sobre as lavouras irrigadas de lá. "Quanto mais seca melhor", comemora Rubens Silveira, diretor-comercial do Instituto Riograndense do Arroz (Irga). De acordo com ele o estado, maior produtor brasileiro, vai colher "no mínimo 7,5 milhões de toneladas do grão".

 

Segundo dados do último levantamento de safras da Conab, há indicações de pequenas reduções nos níveis de produtividade média das lavouras de Santa Catarina, passando de 6,65 mil quilos por hectare para 6,53 mil e de 6,98 mil para 6,9 no Rio Grande do Sul, reflexo do clima antagônico e adverso, de excesso de chuvas e de estiagem, nas duas maiores regiões produtoras brasileiras, mas sem contar as toneladas perdidas água abaixo com as enchentes que destruíram principalmente as lavouras catarinenses.

 

Para 2009, a Conab prevê ainda que as exportações brasileiras de arroz não passarão de 400 mil toneladas, redução de 43% em relação à safra 2008. O número é contestado pelo setor que comemora o embarque de quase 700 mil toneladas no ano passado. "Alcançamos a meta de exporta 70% da nossa produção (gaúcha) e vamos mantê-la este ano", garante Silveira.

 

Considerando o quadro projetado pela Conab: a manutenção do câmbio nos níveis atuais; a leve recuperação dos preços internacionais; a provável quebra da safra no Mercosul, reduzindo os excedentes exportáveis; a atual escassez de matéria prima e a garantia de apoio governamental na comercialização da próxima safra, existe uma tendência clara de preços firmes para o arroz no ano de 2009. Rubens Silveira pontua que esse "ajustado quadro de oferta e demanda desenhado no Mercosul reflete também essa tendência de sustentação de preços".

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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