Ministério quer barrar importação do Equador

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Produção local seria inviabilizada

Sorocaba - O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) estuda um meio para barrar ou ao menos adiar a importação de banana do Equador. O ministro Antônio Andrade propôs uma articulação com os Ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) e das Relações Exteriores (MRE) para impedir a entrada imediata dos produtores do país no mercado do Brasil.

O país vizinho anunciou ter cumprido os requisitos fitossanitários que o tornam apto a exportar a fruta para o Brasil, de acordo com o que prevê a Organização Mundial do Comércio (OMC), e pressiona as autoridades brasileiras para liberar e entrada do fruto.

Os bananicultores nacionais alegam que, além de ter a produção subsidiada pelo governo, a fruta equatoriana é portadora de doenças que podem causar grandes estragos à produção do Brasil. Um relatório técnico apresentado a Andrade alerta para o risco da importação de pelo menos seis pragas de efeitos devastadores para a cultura no país, além de um fungo altamente resistente aos pesticidas aplicados no controle da Sigatoka negra, doença já instalada no Brasil. Os bananais do Equador recebem 40 pulverizações com defensivos químicos por ano, quatro vezes mais que os brasileiros.

Na quinta-feira passada, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento recebeu representantes da Confederação Nacional de Bananicultores (Conaban) e de associações de produtores do Vale do Ribeira, em São Paulo, e de Santa Catarina, Minas Gerais e Bahia.

De acordo com Sandra Kennedy, do Consórcio de Segurança Alimentar do Vale do Ribeira (Consad), Andrade dispôs-se a discutir com outros ministérios formas de impedir a entrada da fruta equatoriana. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP), presente no encontro, agendou audiência com o ministro de Relações Exteriores, Antônio Patriota, entre 6 e 9 de agosto.


Monopólio - Segundo a Conaban, embora o Equador seja o maior exportador de banana do mundo, apenas cinco empresas multinacionais controlam 80% do comércio internacional da fruta, monopolizando a produção e o comércio daquele país.

"Liberar o mercado brasileiro irá beneficiar, exclusivamente, as trades norte-americanas e os varejistas brasileiros", alerta o pesquisador Wilson da Silva Moraes, especialista em fitopatologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Conforme Moraes ele, o Brasil tem investido em tecnologias já praticadas pelos países exportadores como Equador, Costa Rica e Colômbia, na busca do aumento crescente de exportação de bananas.

Em manifesto, a Associação dos Bananicultores do Vale do Ribeira (Abavar) afirma que a entrada da banana do Equador causará desequilíbrio econômico e financeiro nas regiões produtoras nacionais, pois a produção do país é baseada na exploração de mão de obra, até mesmo infantil.

Na análise do secretário executivo da Abavar, Ronnei Lima do Nascimento, a banana do Equador pode chegar a São Paulo, maior centro consumidor, a preço menor do que a produzida no Vale do Ribeira. "Será um desastre para a economia da região", prevê. O Vale responde por 70% da produção paulista de banana, de 1,2 milhão de toneladas, e a cultura está em pequenas propriedades.

O Brasil é o terceiro maior produtor de banana do mundo, com produção de 7,5 milhões de toneladas por ano, atrás da Índia e da China. São Paulo, Bahia, Santa Catarina, Minas Gerais, Pará, Ceará e Pernambuco são responsáveis por 74% da produção brasileira. No país, são cultivados cerca de 500 mil hectares e estima-se que a fruta gere 520 mil empregos diretos e dois milhões indiretos.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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