Indústria de calçados aposta no crescimento das vendas

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Desvalorização do real reabre oportunidades de exportações, após 5 anos

 

Após amargar cinco anos de luta contra o câmbio e vendas instáveis no exterior, o setor calçadista brasileiro vê em 2009 uma oportunidade de crescer no mercado externo com a desvalorização do real.

 

Hoje tem início, com a presença do presidente Lula, a maior feira de calçados da América latina, a Couromoda. São cerca de 1,2 mil expositores de todo o País. Espera-se cerca de R$ 80 milhões em negócios realizados. "Estão todos muito otimistas", diz o presidente da feira, Francisco Santos. "Apesar da crise, o mercado interno cresceu 5% em 2008 e espera-se o mesmo em 2009."

 

Um dos fatores para o otimismo foram as boas vendas de Natal. Segundo a Associação Comercial de São Paulo, 49% dos consumidores compraram roupas e calçados no Natal e as lojas estão com pouco estoque.

 

Por conta da crise, a Dumond, fabricante de calçados femininos, reduziu de 12% para 8% a meta de expansão de vendas no País em dezembro. Mas foi surpreendida com crescimento de quase 16% na receita do Natal em relação à mesma data de 2007. De acordo com a direção da indústria, "faltou sapato no Natal". Se houvesse mais produto, o crescimento poderia chegar a 18%. O que afetou o crescimento, acredita-se, foi a desconfiança dos lojistas, temerosos com o encalhe.

 

O mercado de calçados no Brasil movimenta R$ 30 bilhões anuais e a exportação está na casa de US$ 1,8 bilhão ao ano, segundo dados da Associação Brasileira de Fabricantes de Calçados (Abicalçados).

 

"A demanda para os Estados Unidos e a Europa preocupam, porém nos últimos anos fizemos muitos investimentos em design para termos produtos de maior valor agregado. Com câmbio mais favorável, ofereceremos produto melhor com preço melhor", explica o diretor da associação industrial de Novo Hamburgo (RS), Marco Aurélio Kirsch. A região tem uma das maiores concentrações de fabricantes do País e amargou queda de vendas e empregos. No País, o emprego no setor caiu cerca de 8% em 2008.

 

O diretor de marketing da Vulcabrás/Azaleia, Pedro Barcelle, diz que 2009 será um ano "difícil, porém bom". A empresa fechou uma das fábricas no Rio Grande do Sul, mas afirma que neste ano haverá novos investimentos. "Estamos lançando nossa primeira linha licenciada, e esperamos vender 2 milhões de pares."

 

O diretor do grupo de calçados infantis Kidy, Sérgio Gracia, espera expandir as exportações de 8% da produção para 15%, até 2010. "E até o segundo semestre, devemos voltar a operar com 100% da capacidade produtiva." Desde o meio do ano passado, a empresa trabalhava com 80% da capacidade.

 

INOVAÇÃO

 

Para ganhar mercado, as empresas apostam em novidades. A Kidy desenvolveu um calçado para bebês que cria marcas no solado quando fica pequeno. "O bebê cresce rápido e não sabe avisar que o calçado aperta. O produto marca onde está justo", diz Gracia.

 

A Puket, fabricante de meias, entrou no mercado de calçados no fim do ano com o Simpls, uma espécie de sapato-meia que pode ser usado tanto em casa como na rua. "Vendemos 150 mil pares, totalizando R$ 4 milhões. Agora queremos divulgar o produto no País todo e no mundo todo", diz o diretor comercial da empresa, Carlos Eduardo Padula. O objetivo da Puket é fechar o ano com 15 quiosques só desse produto - um já está em uma das lojas El Corte Inglés, na Europa - e atingir R$ 17 milhões em vendas. "Para quem inova há espaço. A Melissa e a Crocs são exemplos, e nós conseguiremos também."

 

Veículo: O Estado de S.Paulo


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