Arezzo muda conselho de administração

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Anderson Birman, fundador da Arezzo: "Não é governança para inglês ver. É governança para trazer resultado"

A fabricante e varejista de calçados Arezzo vai submeter à aprovação dos acionistas a maior mudança na governança da empresa desde a entrada da gestora Tarpon, em 2007.

A proposta da companhia, que será votada em assembleia hoje, é reformular o conselho de administração com a entrada de seis novos membros, dos quais três mulheres. Entre os indicados à composição do órgão, estão os presidentes da Hering, Fábio Hering, e da Kroton, Rodrigo Galindo.

Em conversa com o Valor, o fundador e atual presidente do conselho Arezzo, Anderson Birman, disse que nada mais sensato do que ter uma boa representação feminina no órgão, uma vez que a Arezzo vende para mulheres. "Não é governança para inglês ver. É governança para trazer resultado", diz.

A proposta é de que o conselho de administração tenha no total dez membros - eram oito -, dos quais quatro independentes pelo critério da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Se aprovada, a nova estrutura de governança da companhia ficará mais cara. A Arezzo pagou R$ 480 mil em salários de quatro conselheiros no ano passado. Os outros quatro, sócios, não recebiam. Agora, a companhia pretende elevar essa despesa para R$ 880 mil, referente ao pagamento dos dez conselheiros. Todos serão remunerados, inclusive Birman. Os integrantes têm mandato até o fim do exercício de 2014.

Para Birman, o aumento do gasto com remuneração é "compatível" com os resultados que a empresa vai buscar.

As mudanças começaram a ser preparadas quando o empresário deixou o comando executivo da companhia para se dedicar exclusivamente à presidência do conselho, em março.

Para ajudar na formatação do conselho, a Arezzo contratou a consultoria de José Guimarães Monforte, ex-presidente do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) e um dos responsáveis pela virada na governança da Natura, 13 anos atrás.

A ideia geral do projeto foi reunir pessoas com competências complementares, mesmo que algumas delas não tenham tido, até então, experiência como conselheiro. "Poderíamos ter escolhido grandes nomes com perfil generalista, mas preferimos inovar", disse Birman.

Entre as mulheres, está Juliana Rozenbaum, 36 anos, que trabalhava como analista do banco Itaú da área de consumo, inclusive na cobertura das ações da própria Arezzo. Segundo Birman, a ideia é que ela traga sua experiência no mercado de capitais.

Já Carolina Faria, 34 anos, deve somar seu conhecimento na área de marketing. Sua última experiência foi como consultora da True Brand & Business - Soul Brand Services. Antes disso, Carolina trabalhou no marketing da Reckitt Benckiser e da Ambev. "E ainda é uma grande conhecedora de moda", afirma Birman.

Cláudia Elisa Soares, 45 anos, ex-diretora financeira e de relações com investidores na Via Varejo, completa o trio feminino.

Da atual formação do conselho, sairão Alexandre Birman, presidente executivo da companhia, Eduardo Mufarej e Pedro Faria, ambos membros indicados pela Tarpon. A gestora vendeu toda a sua participação na Arezzo no ano passado.

Artur Noemio Grynbaum, presidente do Boticário, também deixará o conselho da Arezzo, pois estaria com problemas para conciliar agenda, segundo Birman.

Fora Juliana, Cláudia e Carolina, e os presidentes da Hering e da Kroton, a Arezzo propõe Welerson Cavalieri, 60 anos, consultor sócio da INDG/Falconi Consultores de Resultados como novo integrante do conselho.

Enquanto Fábio Hering entra no conselho da Arezzo, Birman irá para o da Hering. Birman nega que exista qualquer conversa em andamento no sentido de unir a operação das duas varejistas.

Durante a assembleia, os nomes serão votados individualmente e a companhia precisa de 67% de quórum para aprovar as mudanças.

A Arezzo também vai reestruturar a área de comitês. Haverá um de risco, finanças e auditoria, outro de pessoas e governança e, por fim, um de estratégia. O orçamento para o pagamento de remuneração aos integrantes do comitê é de R$ 240 mil.


Na bolsa, as ações da Arezzo caem 10,30% no ano, enquanto o Ibovespa recua 23,5%.

Birman diz que não dá para ficar "insensível" à desaceleração da economia e à onda de protestos que tomou conta do Brasil. "Não podemos negar que os ventos não estão soprando mais à favor".

O empresário, com trajetória de 40 anos à frente da Arezzo, diz que já passou por diversas crises da economia. "O que se pode fazer é trabalhar mais. E é isso que estamos fazendo", afirma.

De modo geral, diz Birman, a operação da Arezzo não foi tão afetada pela conjuntura econômica adversa. "Mantemos as metas de resultados que tinham sido estabelecidas para o ano", afirma, sem abrir números.

Além disso, a empresa não alterou seu plano de abrir 53 novas lojas em 2013. No primeiro trimestre do ano, a Arezzo teve lucro de R$ 19,36 milhões, alta 78,43% em relação ao ano passado. A receita líquida, na mesma comparação, cresceu 24,6%, para R$ 201 milhões. Em 2012, as vendas líquidas somaram R$ 860,3 milhões, alta de 26,7% e o lucro, R$ 96,8 milhões, avanço de 5,7%.

 

Veículo: Valor Econômico


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