Validar tecnologias para a cafeicultura nos vales do Jequitinhonha e do Rio Doce. Com esse objetivo a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) implantou há cinco anos experimentos de café na região. Algumas cultivares, desenvolvidas pelo programa de melhoramento genético do cafeeiro da Epamig com a colaboração da Embrapa Café, Universidade Federal de Lavras (Ufla) e Universidade Federal de Viçosa (UFV), instituições que integram o Consórcio Pesquisa Café coordenado pela Embrapa Café, adaptaram-se muito bem às condições da região.
o caso da cultivar Catiguá MG2, recomendada para a produção de cafés especiais, que tem como uma das principais características resistência à ferrugem, porte baixo e, principalmente, elevada qualidade de bebida. Os frutos são de cor vermelha quando maduros e as folhas têm coloração bronze claro.
Em pleno Vale do Jequitinhonha, na cidade de Aricanduva, a cerca de 450 km de Belo Horizonte, a fazenda Alvorada comprova que a pesquisa é capaz de transformar em realidade a produção de cafés de qualidade na região da Chapada de Minas. A cultivar Catiguá MG2, recomendada para a produção de cafés especiais, após cinco anos de experiência, demonstrou boa adaptabilidade ao solo e clima da região.
" um material com grãos menores, mas que se destaca pela qualidade da bebida. Aparentemente, é uma planta pouco exigente em termos de nutrição", explica o pesquisador da Epamig Antônio Pereira. Para o cafeicultor Sérgio Meirelles Filho, proprietário da Fazenda Alvorada, a Catiguá MG2 é uma oportunidade para a região se destacar na produção de café gourmet. "Essa variedade obteve 83 pontos em análise de cupping feita pela Ally Coffee, exportadores norte-americanos de café do Brasil), de acordo com a metodologia SpecialtyCoffeeAssociationof América (SSCA)õ.
Adocicado - Meirelles disse que a bebida tem um gosto mais adocicado e um amargor diferente dos grãos cultivados até então na região. Ele também constatou que em sua lavoura a Catiguá MG2 teve também resistência ao ácaro vermelho. "Todas as outras cultivares ficaram mais suscetíveis à doença, menos a Catiguá".
Para difundir a Catiguá MG2 e outras cultivares na região, a Epamig realizou um dia de campo no final de junho de 2013 para cafeicultores locais. Entre os participantes, estava o cafeicultor Osvaldo Cordeiro. Ele ainda colhe o café manualmente, mas disse que a falta de mão de obra força a busca por alternativas. "Ainda não conhecia essas novas cultivares. Elas podem ser sim uma opção para lavouras como a minha, em área um pouco montanhosa", afirmou.
De acordo com o coordenador do Núcleo Tecnológico Epamig Café, César Elias Botelho, o objetivo era verificar a adaptabilidade dessas cultivares nos Vales. "São cultivares que podem ser implantadas em pequenas e grandes lavouras".
A MG2 foi registrada em 2004 e, desde então, tem sido validada em algumas regiões do Estado. Para Botelho a região da Chapada de Minas tem potencial para produção de cafés especiais, mas para isso é preciso intensificar os estudos de adaptação de tecnologias que deram certo em outras regiões, incluindo as tecnologias de pós-colheita.
Veículo: Diário do Comércio - MG